Hollande assume responsabilidades francesas no Holocausto

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François Hollande depositou uma coroa de flores no sítio do antigo "velodrome" Pierre Verdy/AFP

“A verdade é dura, cruel. A verdade é que a polícia francesa deteve milhares de crianças e famílias. Nem um único alemão foi mobilizado para esta operação. A verdade é que este foi um crime cometido em França, pela França”, afirmou Hollande, após depositar uma coroa de flores no lugar do antigo "velodrome" (demolido em 1959), onde os judeus foram reunidos.

Esta é uma interpretação da História que difere da que, desde então, tem sido propagada pelos altos responsáveis políticos franceses. Incluindo François Mitterrand, o mentor político de Hollande, que dizia que o governo colaboracionista de Vichy, liderado por Philippe Pétain, não representava a República francesa. Só o conservador Jacques Chirac admitiu, em 1995, a participação de França nos crimes perpetrados pelos nazis durante o Holocausto.

Aliás, Hollande e Chirac ter-se-ão mesmo encontrado este sábado para discutir o Rafle du Vel d'Hiv. Este domingo, num texto distribuído na cerimónia, o actual Chefe de Estado francês escreve que “o reconhecimento desta falha foi expresso pela primeira vez, com lucidez e coragem, por Jacques Chirac a 16 de Julho de 1995”, reconhecendo assim a importância da tomada de posição do seu antecessor.

Perante alguns dos poucos sobreviventes (apenas 811 dos cerca de 42 mil judeus franceses regressaram dos campos de concentração alemães), François Hollande sublinhou o dever de lembrar o passado: “Não haverá esquecimento na República”. E prometeu combater o anti-semitismo “com a maior determinação”: “Onde quer que se encontre, tem de ser descoberto e punido. Todas as ideologias de exclusão, todas as formas de intolerância, todos os fanatismos, a xenofobia que tenta fazer crescer a lógica do ódio, terão a República no seu caminho.”

Voltando à culpa francesa no Rafle du Vel d'Hiv, Hollande sublinhou que, apesar de reconhecer as responsabilidades francesas naquele crime, “a verdade é que este foi também um crime contra a França, uma traição dos seus valores”.

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