Khadafi esteve pronto para financiar campanha de Sarkozy em 2007, acusa site francês
O documento, de 2006, assinado pelo chefe dos serviços secretos líbios na altura, Moussa Koussa, que entretanto fugiu para o Ocidente, precisa que dá seguimento ao processo verbal iniciado na reunião de 6 de Outubro de 2006, na qual participaram vários responsáveis líbios e também Brice Hortefeux, um próximo de Sarkozy, ex-ministro da Identidade Nacional e do Interior, e também o empresário Ziad Takieddine, que tem ligações suspeitas a políticos franceses.
O site Mediapart diz ter obtido este documento através de “antigos altos responsáveis líbios, hoje na clandestinidade”. Mas não é a primeira vez que Sarkozy é associado ao ex-líder líbio, por intermédio de Ziad Takieddin, o homem de negócios que terá sido o elo de ligação à Líbia, a partir de 2005, de Claude Guéant, o actual ministro do Interior e um fiel de Sarkozy.
A possibilidade de que tenha havido financiamento de Khadafi Sarkozy em 2007 já surgiu na actual campanha. A 12 de Março, o próprio Presidente-candidato tinha classificado como “grotescas” as suspeitas de que esse financiamento tivesse ocorrido.
Sarkozy tentou também desmentir que o Estado francês tivesse alguma vez tido a intenção de vender centrais nucleares à Líbia – algo impossível de desmentir, devido às inúmeras viagens e ampla diplomacia económica feita pelo próprio Presidente. Fica a pairar a ideia de que Sarkozy procurou “reescrever” a história das suas relações recentes com Khadafi, como acusa o Partido Socialista. A ex-presidente do grupo Areva, Anne Lauvergne, publicou nos últimos dias um livro em que revela os bastidores dos negócios nucleares do Estado francês.
O PS exige agora a Sarkozy “que se explique perante os franceses”, face a “elementos tão graves, revelados por documentos novos provenientes do círculo próximo do ditador líbio”.
Nathalie Kosciusko-Morizet (NKM), porta-voz de Nicolas Sarkozy, denunciou por seu lado "uma diversão grosseira”, que atribuiu à equipa de François Hollande, o candidato socialista à segunda volta das presidenciais no próximo domingo, 6 de Maio. “Perturbada pelo regresso de Dominique Strauss-Kahn [que ontem deu uma entrevista publicada no jornal britânico “The Guardian”], a equipa de François Hollande tenta uma manobra de diversão. É grosseira”, escreveu NKM num comunicado enviado à AFP.