Sargentos entregam carta ao primeiro-ministro e promovem concentrações
“Se o senhor ministro da Defesa [José Pedro Aguiar-Branco] entende que está tudo feito e trata as associações da forma como tratou, então penso que é um sinal claro este de irmos à residência do senhor primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] transmitir-lhe as nossas preocupações”, afirmou à Lusa o presidente da ANS, Lima Coelho.
A ANS realiza nesta quinta-feira uma jornada nacional, com concentrações em vários pontos do país: Lisboa, Porto, Leiria, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Braga, Entroncamento, Beja e Viseu.
“O objectivo que pretendemos, até para contrariar alguma desvalorização que se tem feito do mal-estar e da dimensão deste mal-estar, é dar uma dimensão nacional” a esta jornada, disse também Lima Coelho.
No cartaz feito para promover a iniciativa, a associação satiriza as declarações proferidas por Aguiar-Branco há duas semanas, questionando os militares: “E tu, tens vocação?”
“Alguém que está disposto a morrer pelo país se necessário, ouvir com aquela ligeireza questionar a sua vocação é algo que não devia partir de um ministro da Defesa, nomeadamente quando ele próprio reconhece nunca ter feito o serviço militar”, referiu o presidente da ANS.
Militares “disponíveis para ajudar”Lima Coelho acrescentou que a associação pretende dizer ao primeiro-ministro que os militares estão “disponíveis para ajudar no esforço nacional”, mas que “não será a melhor forma levar os militares ao incumprimento das suas obrigações”.
“Há outros caminhos, há outras propostas, à luz da lei é importante que o Governo também nos ouça”, defendeu, considerando que falar da sustentabilidade ou insustentabilidade da instituição militar “é algo grave”.
“Se as Forças Armadas são supostamente insustentáveis, então qual é a alternativa? Privatizar as Forças Armadas?”, interrogou o presidente da ANS.
Além disso, para Lima Coelho, “tentar passar uma imagem negativa das associações para os cidadãos não é aceitável”. “As Forças Armadas são uma instituição perene no nosso país, os governos sucedem-se”, referiu ainda.
Já o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, Pereira Cracel, quando questionado pela Lusa sobre a não participação nesta iniciativa, disse, contudo, estar “solidário”. “As razões são as mesmas, as questões que colocamos não diferem muito das que a ANS coloca”, mas “não é necessário fazer as mesmas coisas para atingir os mesmos fins”, considerou.