Manifestantes egípcios rejeitam proposta do regime militar

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Polícia respondeu aos manifestantes com balas de borracha Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Não foi apenas no Cairo que os manifestantes resistiram. Esta manhã, um homem morreu durante os confrontos com a polícia na cidade de Alexandria, avança a Reuters.

O marechal Hussein Tantawi, líder do Conselho Superior das Forças Armadas que governa o país (SCSAF) desde a queda de Hosni Mubarak, foi à televisão na terça-feira à noite para confirmar a realização de eleições parlamentares, na próxima semana, e de presidenciais até Julho, seis meses mais cedo do que o previsto.

Tantawi também aceitou a demissão do primeiro-ministro civil, Essam Sharaf, e do seu Executivo, apresentada na véspera.

Muitos dos que contestam o marechal ouviram com desagrado a sua proposta de referendo sobre se o regime militar deve ou não terminar mais cedo – algo que alguns encaram como uma tentativa de chegar aos que temem mais tumultos e de os afastar dos jovens activistas.

Para aqueles que há cinco dias não deixam a rua, as propostas não são suficientes, e querem ver a demissão do próprio Tantawi. “Sai! Sai!”, gritava-se na rua. “As pessoas querem derrubar o marechal”, cita a Reuters.

A televisão passou imagens de ambulâncias a chegar durante a noite à Praça Tahrir, que já tinha sido o centro da contestação contra Mubarak, que em Fevereiro foi obrigado a demitir-se. A polícia voltou durante a noite a usar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, que lançaram pedras. Houve quem denunciasse também o uso de balas de borracha. “Assim que rompeu o dia, começaram a disparar porque já nos viam”, afirmou Tareq Hussein Zaki, 32 anos, construtor de mobiliário.

Segundo uma análise da BBC, o anúncio feito ontem por Tantawi torna a situação dos activistas “mais complexa”. A Irmandade Muçulmana – provavelmente o maior grupo político do Egipto e certamente o mais bem organizado e influente – não está a participar nos protestos, refere a estação britânica. “Quer que as eleições vão para a frente, e muita gente na Praça não quer eleições. Dizem que primeiro querem ver cair o Governo militar”.

Ou seja, ao contrário de Fevereiro, quando a queda do ditador era o objectivo de todos, os que agora saem à rua não estão totalmente unidos nas suas posições.

O escrutínio prometido por Tantawi vai começar na próxima segunda-feira, mas será preciso esperar até Janeiro para ficar concluído.

O calendário inicial previa que o novo Parlamento elegesse uma assembleia constituinte encarregue de, em seis meses, apresentar a nova Constituição. Depois realizar-se-ia um referendo para aprovar o documento e só depois teriam lugar as eleições presidenciais. Isso implicaria que o país teria os militares no poder durante mais um ano, ou talvez mesmo até ao início de 2013.

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