O mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, esclareceu pouco antes do início da operação, através da sua conta na rede de microblogging Twitter, que os manifestantes podem regressar a Zuccotti, zona próxima ao distrito financeiro da cidade, depois de o parque ser limpo.

Essa ideia foi reiterada em comunicado do seu gabinete já depois de o parque ter sido evacuado, com Bloomberg a frisar que a decisão de agir foi sua. O mayor defendeu que os manifestantes "tiveram dois meses para ocupar o parque com as suas tendas e sacos de dormir" e que "agora, terão que ocupar o espaço com o poder dos seus argumentos" – ou seja, não poderão voltar a montar o acampamento, por razões de saúde, invocou Bloomberg, a par do cumprimento dos regulamentos, permitindo que "todos os cidadãos possam usufruir do parque, aberto 24 horas", o que, diz, "não tem sido possível" desde a ocupação.

Com os acessos ao parque já todos bloqueados e uma enorme presença policial, mantinham-se grupos de manifestantes por perto, entoando palavras de ordem. Toda a zona está numa grande confusão e o ambiente parece tenso por vezes, mas não há para já registo de grandes confrontos, é descrito por testemunhas no local ouvidas pelo diário britânico The Guardian. O New York Times dava conta de que pelo menos 70 pessoas foram detidas por "desobediência à autoridade" durante a evacuação do parque.

O correspondente do Democracy Now, Ryan Devereaux, que se encontra nas imediações de Zuccotti relata que os manifestantes do Occupy Wall Street se mantiveram nas ruas, mesmo depois de a operação policial já estar a decorrer. Esta fonte dá conta de estarem acontecer ao ar livre desde pequenas reuniões a assembleias e que as marchas prosseguem na zona da baixa de Manhattan.

Alguns manifestantes, que participaram numa marcha desde Zuccotti em direcção a Foley Square, onde se localiza o "centro cívico" de Manhattan, narram que a polícia está a usar gás pimenta para dispersar as multidões nas ruas e que foram feitas várias detenções.

Nova Iorque é considerado o berço do movimento Occupy, por sua vez já também inspirado nos protestos dos “indignados” espanhóis (em Maio passado) e cujos manifestantes denunciam as políticas económicas e a ganância das instituições financeiras, que responsabilizam pela actual crise mundial – numa vaga que se espalhou pelo mundo inteiro.

Segundo o diário The New York Times a operação policial começou pelas 1h00 (locais, mais cinco horas em Portugal continental), com o anúncio, feito através de megafones, de que “[as autoridades da]cidade decidiram que a prolongada ocupação de Zuccotti Park coloca crescentes riscos de saúde e de segurança”. Cerca de duas horas e meia depois, a esmagadora maioria dos manifestantes acampados no parque tinham já partido e os pequenos grupos de resistentes acabaram então por ser retirados pelos agentes, ao que se seguiu o início da limpeza.

Logo à chegada a Zuccotti dos agentes, que envergavam capacetes e escudos, começaram a ser distribuídos panfletos pelo acampamento, informando os manifestantes que tinham de “deixar o local temporariamente, desmontar as tendas e levar todos os seus bens”. E que, reiterando a promessa do mayor, poderiam regressar assim que a limpeza da zona fosse feita – mas então já sem equipamento de acampamento.

Imagens captadas pelas câmaras de segurança de Zuccotti mostram a multidão de manifestantes a entoar cânticos como “o mundo todo está a ver” e “o dia inteiro, a semana inteira, Occupy Wall Street”, conforme os agentes da polícia se aproximavam do acampamento.

Um dos polícias integrados nesta operação, citado pela agência noticiosa AP, relatou que a maior parte das pessoas começaram prontamente a reunir os seus pertences e a prepararem-se para deixarem o parque, e que apenas “um pequeno grupo” de manifestantes se recusava a partir. Até ao momento foi feita apenas uma detenção, por “conduta desordeira”, de acordo com a polícia nova-iorquina.

Já em Oakland – onde se registaram os incidentes mais violentos ao longo destas mais de oito semanas de protestos – foram detidas durante a noite 33 pessoas, conforme a polícia avançou para dispersar o acampamento de Frank Ogawa Plaza. A polícia declarou que o local, onde ocorreu um tiroteio fatal que matou uma pessoa, na semana passada, é uma “zona de investigação criminal” e que tem, por isso, de ser prontamente evacuada.