Por causa de “O Sangue”, de Pedro Costa (1989), ou de “A Idade Maior” (1989), de Teresa Villaverde, ou ainda de “Xavier”, de Manuel Mozos (1992), Pedro Hestnes foi o rosto com que se acendeu, nesses anos 90, uma utopia a que se chamou Cinema Português.
"O Sangue” foi também o primeiro filme do realizador Pedro Costa, onde Hestnes contracenava com Inês de Medeiros, marcando assim o início da filmografia daquele que é hoje o cineasta português internacionalmente mais influente.
Há três anos, numa entrevista ao jornal quando o filme voltou às salas e saiu em DVD, o actor disse que o filme era “um diamante em bruto cheio de carvão à volta" e uma espécie de “fantasma”.
Pedro Hestnes, filho do arquitecto Raul Hestnes Ferreira e neto do escritor José Gomes Ferreira, tinha acabado de rodar o filme “Em segunda mão”, de Catarina Ruivo, que está ainda na fase de montagem.
“Estou desconsolado. É um grande choque estar-se a montar o filme sabendo que ele já cá não está”, disse à Lusa o produtor do filme, Fernando Vendrell.
Pedro Hestnes participou em alguns dos filmes mais revelantes do cinema português de finais dos anos 1980 e começo dos anos 1990, entre os quais “O Sangue” (1989), de Pedro Costa, que protagonizou com Inês de Medeiros, e “Xavier” (1992), de Manuel Mozos.
Actor discreto, responsável por “alguns dos mais belos planos do cinema português” – como disse Fernando Vendrell – Pedro Hestnes entrou ainda em “O desejado” (1987), de Paulo Rocha, “Três menos eu” (1988), de João Canijo, “Agosto” (1988), de Jorge Silva Melo, “A idade maior” (1991), de Teresa Villaverde, e “Três Palmeiras” (1994), de João Botelho.
Mais recentemente integrou, por exemplo, “Body Rice” (2006), de Hugo Vieira da Silva, e “Lobos” (2007), de José de Nascimento.
O funeral do actor realiza-se na terça-feira às 15h00 para o cemitério de Camarate, Loures.
Notícia actualizada às 18h01