Irão vai ter a sua própria rede de Internet, para tornar a censura ainda mais eficaz

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A nova rede iraniana já começou a ser experimentada nas escolas públicas José Carlos Coelho

Há vários anos que o Irão figura nas listas de países onde se registam maiores níveis de censura estatal à actividade online dos seus cidadãos, a par com nações como a China, Arábia Saudita, Síria, Cuba, Vietname, Turquemenistão e Uzbequistão.

Precisamente para tornar agilizar este trabalho de censura, o regime iraniano está a desenvolver uma rede paralela de Internet para os seus cidadãos, em vez de se limitar a bloquear sites como o Facebook e sobretudo blogues reaccionários.

A nova rede já começou a ser experimentada nas escolas públicas. “A rede interna vai fortalecer o país e preservar a nossa sociedade e a ameaça das invasões culturais”, disse o Presidente Mahmud Ahmadinejad recentemente.

Actualmente, o acesso à Internet é dificultado: os utilizadores precisam de pedir permissão estatal ou pagar preços incomportáveis pela ligação.

Apesar destas dificuldades, as estimativas dão conta que quase 40 por cento dos habitantes do Irão estão ligados à Internet. O Irão foi, aliás, o primeiro país islâmico a ligar-se à Internet no Médio Oriente e o segundo da região, depois de Israel. Porém, desde a chegada à presidência do país de Ahmadinejad que a censura tem vindo a aumentar.

De acordo com o “The Wall Street Journal”, as autoridades estão a explicar aos cidadãos que com a adopção desta rede paralela e interna, estes pagarão menos pela Internet e continuarão a salvaguardar os princípios islâmicos da revolução.

Em Fevereiro, enquanto os protestos se estendiam pelo mundo árabe exigindo mais democracia, o director das telecomunicações do Irão, Reza Bagheri, anunciou que em breve 60 por cento dos lares do país e das empresas teriam acesso à nova rede interna de comunicação e que, dentro de dois anos, esta estaria disseminada por todo o país.

O OpenNet, que monitoriza a censura online no mundo, também já reconheceu que o Irão produziu tecnologia própria para filtrar e bloquear os conteúdos de Internet no país.

No seu mais recente relatório, este instituto adverte para o crescente protagonismo dos Guardiães da Revolução (que velam pela pureza religiosa do país) neste domínio.

Durante as eleições presidenciais de 2009, o regime bloqueou as páginas dissidentes.

Alguns media locais dão igualmente conta que o país terá o seu próprio sistema operativo, em vez de usar o omnipresente Windows, da Microsoft, e que está igualmente a arranjar alternativas aos serviço de correio electrónicos mais usuais, nomeadamente o Gmail, Hotmail e Yahoo.

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