Administração Obama pede à WikiLeaks que não revele comunicações que a comprometam

Numa medida muito pouco habitual, que reflecte as graves preocupações das autoridades norte-americanas, o Departamento de Estado distribuiu ontem à noite uma carta do seu principal advogado para o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, a dizer que o conteúdo desta fuga de informação ameaça as operações globais de contra-terrorismo e coloca em risco as relações dos Estados Unidos com os seus aliados.

A carta do conselheiro jurídico Harold Koh para Assange e o seu advogado diz que a divulgação destes documentos será ilegal, pelo que se pede que a mesma não seja concretizada.

A missiva ontem à noite divulgada afirma de igual modo que o Governo de Washington não cooperará de qualquer forma com a Wikileaks nas tentativas de triagem dos documentos que possam colocar em risco as fontes e os métodos de se obter informações secretas.

A carta de Koh foi distribuída numa altura em que diplomatas norte-americanos destacados em todo o mundo se esforçaram por avisar governos estrangeiros sobre o que poderia estar nos documentos secretos que se julga que contenham opiniões muito melindrosas sobre dirigentes mundiais, as suas políticas e as tentativas de Washington para captar a sua simpatia.

Nessa carta, o advogado do Departamento de Estado afirma que a publicação de uns 250.000 telegramas diplomáticos secretos pela Wikileaks, aguardada para as próximas horas, “colocará em risco as vidas de um número incontável de inocentes”, bem como operações militares em curso e a cooperação entre países.

Koh afirmou que a WikiLeaks deveria devolver todos os documentos à Administração norte-americana e destruir quaisquer cópias que porventura ainda possa ter em seu poder ou nas suas bases de dados devidamente computadorizadas.

Nos últimos dias, tem-se admitido que as relações dos Estados Unidos com a Rússia, a França, Israel e a Turquia, entre outras, possam ser afectadas pela publicação desta nova leva de documentos secretos.

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