Wikileaks vai revelar comunicações entre embaixadas americanas que podem embaraçar Obama
Em causa estão telegramas com comunicações entre embaixadas norte-americanas feitas entre 2006 e 2009 – relativas, por isso, ao fim da Administração de George W. Bush e ao primeiro ano na Casa Branca de Barack Obama.
Serão comunicações com instruções oficiais, relatórios e comunicações do Departamento de Estado para embaixadas, consulados e missões dos EUA em países estrangeiros, bem com comunicações em sentido inverso enviadas para Washington.
Podem conter comentários sobre figuras políticas dos países estrangeiros onde estão instaladas as representações diplomáticas americanas, ou sobre negociações em curso – coisas que não se dizem em “on”, mas que têm de se dizer quando se fala livremente para avaliar uma determinada situação, decidir políticas. E que podem ser extremamente embaraçosas, para dizer o mínimo, se vierem a ser tornadas públicas.
Não admira, por isso, que o jornal russo “Kommersant” escreva hoje que “as novas revelações do Wikileaks podem provocar uma disputa entre os Estados Unidos e a Rússia”, adianta a AFP. “Uma fonte própria da direcção do site indicou ao ‘Kommersant’ que nos documentos há comentários sobre a política russa e ‘apreciações desagradáveis’ sobre alguns dirigentes do país”, cita a agência noticiosa russa.
Até agora, as grandes fugas de documentos classificados norte-americanos, sobre a guerra no Afeganistão e a guerra no Iraque, têm posto em causa essencialmente os Estados Unidos. Mas esta pode agitar um grande número de países, pois envolve os EUA e vários aliados europeus e também Israel, cujo Governo confirmou ter sido avisado por Washington.
O Departamento de Estado norte-americano, aliás, tem estado a avisar todos os governos que podem ser afectados por esta fuga de informação, informando-os do possível conteúdo destas comunicações, para que pelo menos não sejam apanhados de surpresa. As possibilidades são vastas: os EUA têm 297 embaixadas, consulados ou missões espalhadas pelo mundo, adianta a CNN.
As dimensões desta fuga de documentos são desconhecidas, mas é possível que sejam mesmo muito grandes: o Wikileaks, através da sua conta no Twitter, prometeu esta semana que será “sete vezes maior que a do Iraque”, e essa implicou a revelação de 400 mil documentos. Tal como aconteceu então, o site forneceu desta vez os materiais antecipadamente a vários media com projecção internacional, como os jornais “New York Times” e “The Guardian” e à revista alemã “Der Spiegel”, para que possam ser tratados jornalisticamente, e publicamente ao mesmo tempo.