Morreu o ex-Presidente argentino Néstor Kirchner
Kircher sofreu "uma paragem cardio-respiratória com morte súbita”, diz o jornal argentino “El Clarín”, citando fontes da equipa médica presidencial, que o assistiu no Hospital José Formenti, na cidade de El Calafate, na Patagónia, onde se encontrava.
O ex-Presidente, que estava com a sua mulher, numa reunião familiar, sofreu uma “descompensação cardíaca”, diz o jornal.
Este ano, tinha já tido dois episódios de doença súbita que o tinham obrigado a internamentos de urgência. A primeira, diz o “Clarín”, foi em Fevereiro, quando foi operado à carótida. E a 11 de Setembro teve de ser submetido a uma angioplastia, para desobstruir uma artéria.
No entanto, esperava-se que Kirchner fosse o candidato à sucessão da sua mulher, nas eleições do próximo ano – embora as dúvidas sobre a sua saúde fizessem pairar alguma incerteza sobre estes planos.
Nestor Kirchner ocupou a presidência argentina entre 2003 e 2007, eleito quando o peronista Carlos Menem deixou a corrida eleitoral. Era um pouco conhecido governador de uma província remota mas rica em petróleo na Patagónia, mas ganhou fama de lutar contra a pobreza e o desemprego.
Em 2007, como não podia acumular mais um mandato seguido, quem se apresentou como candidata foi a sua mulher. Desde então, manteve-se como líder do Partido Justicialista, além de ser deputado da Assembleia argentina e ser secretário geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasur).
Kirchner, tal como a sua mulher, temperava abundantemente os seus discursos com críticas desabridas ao grande capital e aos rivais políticos - o que o tornou uma figura polarizadora no mundo turbulento da política argentina. Mas preocupou-se em formar alianças, tanto internamente como no estrangeiro, para cimentar a sua administração, tal como fez a sua mulher. Os investidores estrangeiros não apreciavam as políticas económicas pouco ortodoxas, que continuaram durante a presidência de Cristina Kirchner.
Em reacção à morte de Kirchner, o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, considerou uma "grande perda" para a América do Sul, lembrando o papel de Kirchner enquanto Presidente da União das Nações sul-americanas (Unasur) no processo de reaproximação entre a Colômbia e a Venezuela, que em Julho deste ano tinham entrado em ruptura diplomática.
O trabalho de Kirchner na Unasur foi mais tarde elogiado pelo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama num comunicado em que envia as condolências a Cristina Kirchner.
E o papel como "dirigente nacional e internacional que acreditava no multiculturalismo” foi lembrado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Internamente, para o poeta argentino Juan Gelman, a morte de Kirchner “cria um enorme vazio na política argentina.” Ao “El País”, o vencedor do Prémio Cervantes em 2007, lembrou de forma positiva as reformas começadas pelo antigo Presidente “contra todas as dificuldades dos interesses” e continuadas no actual Governo da mulher.
Notícia actualizada às 18h14