Winnie demarca-se das críticas que terá feito a Mandela
“Não dei uma entrevista”, afirmou Winnie num comunicado em que procura negar o que é referido no longo artigo que Nadira Naipaul publicou dia 8 no jornal londrino “The Evening Standard”.
O Congresso Nacional Africano (ANC), partido maioritário na África do Sul, pedira-lhe ontem que esclarecesse as suas alegadas afirmações de que o ex-marido, que dela se divorciou em 1996, “aceitou um mau acordo para os negros”.
“Economicamente, os negros continuam de fora”, teria afirmado aquela que, aos 73 anos, ainda é admirada por muitos por ter sido maltratada durante os tempos do apartheid e que pertence à Comissão Nacional Executiva do ANC.
No seu trabalho para o jornal britânico, baseado numa conversa que os Naipaul tiveram o ano passado com a antiga mulher de Nelson Mandela, na sua residência do Soweto, Nadira contou que Winnie não perdoa àquele com quem foi casada que tenha aceite partilhar o Nobel da Paz de 1993 com “o seu carcereiro” Frederik de Klerk, o último Presidente branco da África do Sul.
“Vejam o que fizeram dele, do grande Mandela. Não tem controlo sobre nada e nada diz. Colocaram aquela enorme estátua dele mesmo no meio da mais rica área branca de Joanesburgo (Sandton). Não aqui, onde nós vertemos o nosso sangue e onde tudo começou. Mandela é agora como uma instituição. É passeado pelo mundo para recolher o dinheiro (para o ANC); e está contente com isso”, teria prosseguido Winnie, quando recebeu o casal Naipaul.
No comunicado distribuído hoje pela Fundação Nelson Mandela, Winnie afirma que o trabalho jornalístico em causa se baseia numa “entrevista fabricada”.
Porém, o diário “The Evening Standard” já defendeu o seu ponto de vista, segundo o qual Nadira esteve na residência de Winnie Mandela no Soweto, arredores de Joanesburgo, e falou demoradamente com ela.
“Não conseguimos compreender o desmentido de um acontecimento e uma conversa que claramente se verificaram”, adiantou o jornal. Mas Nadira Naipaul ainda não esclareceu se Winnie Mandela estaria consciente de que poderia vir a ser citada ao emitir opiniões que não seriam para transparecer para fora daquela sala.