Prisioneiros libertados por Israel recebidos em festa no Líbano

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Samir Kantar, o decano dos prisioneiros libaneses em Israel, foi acolhido como um herói Ali Hashisho/Reuters (arquivo)

Entre os cinco detidos está Samir Kantar, o decano dos prisioneiros libaneses em Israel, onde em 1980 foi condenado a prisão perpétua pela morte de três pessoas. Os seus quatro companheiros – Khodr Zaidan, Maher Kurani, Mohammad Sorur et Hussein Suleimam – foram capturados durante a guerra que opôs, no Verão de 2006, o Hezbollah ao Exército israelita.

Os cinco companheiros chegaram ao final do dia ao aeroporto de Beirute, onde foram recebidos pelo Presidente, Michel Suleiman, mas a festa invadiu as ruas desde que a televisão do movimento xiita mostrou as primeiras imagens dos detidos, captadas à sua chegada a território libanês.

Israel entregou os cinco prisioneiros ao mediador das Nações Unidas, o alemão Gerhard Conrad, depois de confirmar que os dois caixões entregues pelo movimento xiita libanês continham os corpos de Ehud Goldwasser e Eldad Regev, os dois soldados capturados pelo Hezbollah em 2006.

Os cinco homens, que o Hezbollah dizia serem os últimos nas prisões israelitas, foram levados em viaturas da Cruz Vermelha Internacional até Naqura, no Sul do Líbano, onde foram acolhidos como heróis pelo movimento xiita. Vestidos já com uniformes militares, pisaram a passadeira vermelha preparada para a ocasião antes de entrarem nos helicópteros que os levaram a Beirute.

“Esta é uma libertação fruto da resistência, do sangue e do martírio”, declarou o chefe do gabinete político do Hezbollah, em imagens retransmitidas pela estação Al-Manar.

Além dos cinco prisioneiros, o Governo israelita entregou os corpos de outros 12 combatentes, tanto libaneses como palestinianos, abatidos durante incursões em Israel.

Kantar liderou em 1979 uma operação da Frente de Libertação da Palestina (FLP) em território israelita, durante a qual matou um polícia, sequestrando depois um civil, a quem acabou por abater, juntamente com uma filha. Condenado a cinco penas de prisão perpétua, o Líbano nunca desistiu de obter a sua libertação, sustentando tratar-se de um prisioneiro político.

O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, já condenou os festejos no Líbano, que contrastam com o luto vivido pelas famílias dos soldados mortos. “Vergonha para a nação que celebra a libertação de uma besta humana que esmagou o crânio de um bebé de quatro anos”, lê-se num comunicado divulgado pelo Governo.

Reagindo às críticas dos que o acusam de ter pago um preço demasiado elevado pelos corpos dos dois soldados, Olmert diz que esta troca permitirá que os dois militares “descansarem em paz” no solo nacional e afirma que só o Líbano deve envergonhar-se. “Onde está a vitória moral suprema? Está aqui, nas velas da memória e não lá”, garante.

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