Guta Moura Guedes substituída por Margarida Veiga no CCB
O ministério não reconhece que demitiu Moura Guedes, dizendo apenas que a administradora "cessa funções de comum acordo com a tutela". Moura Guedes sai ao fim de onze meses, e dois anos antes do fim do seu mandato. Em comunicado, Moura Guedes diz que a sua saída resulta "de um acordo amigável" e sai por considerar que o seu "contributo" e as "estratégias" que defende para a sociedade "têm maior expressão e utilidade" fora do CCB.
Margarida Veiga foi directora do centro de exposições do CCB entre 1996 e 2003. Era vice-directora do Instituto das Artes (IA) há dois anos, cargo para o qual ainda não tem oficialmente substituto.
Guta Moura Guedes, que acumulava o cargo com o de directora artística da ExperimentaDesign que abriu este ano no CCB e causou polémica, acompanhava a programação do Centro de Exposições, dirigido por Delfim Sardo, do Centro de Pedagogia e Animação, dirigido por Madalena Victorino, e do marketing cultural, dirigido por Luís Mendes Dias. Nomeada durante o mandato do primeiro-ministro Santana Lopes pela ministra da Cultura PSD Maria João Bustorff, foi exercer algumas funções de Miguel Vaz, administrador com o pelouro da cultura. Vaz foi demitido ao mesmo tempo que Adelaide Rocha, administradora com o pelouro financeiro, a pedido de Fraústo da Silva, presidente do CCB desde 1996.
Com a saída dos dois administradores, Fraústo concentrou em si as decisões: mudou a organização e gestão do CCB, que deixou de ter pelouros para passar a ter áreas e direcções. Com a mudança de figurino, Moura Guedes "perdeu" a programação de espectáculos, que antes cabia ao administrador com o pelouro cultural.
Quando regressar ao CCB, Margarida Veiga poderá não exercer as mesmas funções que Moura Guedes, uma decisão que segundo os estatutos cabe ao presidente da administração. Apesar de dizer que não foi oficialmente informado do regresso de Veiga, o presidente admitiu já se ter encontrado com a arquitecta. Segundo ele, "em princípio" o modelo de organização dos últimos 11 meses vai manter-se. Já Veiga disse ao PÚBLICO que estão a ser "discutidas" as suas áreas de intervenção e manifestou o desejo de mudança. "Em 2006 vamos ter muito pouco dinheiro. Temos que pensar um modelo para o futuro, encontrar fontes de financiamento e definir uma programação coerente e com vitalidade que ponham o CCB de novo nos circuitos internacionais de qualidade - acho que isso se estava a perder."
A arquitecta, que saiu do CCB a menos de dois meses do fim do seu mandato (ver caixa), disse também que não há tensões com o presidente. "Tive divergências com o professor Fraústo mas nunca tivemos problemas graves. Além disso, hoje, [como membro do conselho de administração] estou noutra posição." Também Fraústo fala numa "boa relação". "Temos que nos adaptar e unir esforços num momento de crise."
Definindo o contexto orçamental como "difícil", Margarida Veiga acrescentou: "Sei que não vai ser possível fazer tanto como noutras alturas, mas é um desafio à nossa criatividade."