Almerindo Marques: classificação de jornalistas teria consequências graves

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Almerindo Marques disse que só poderia ir mais longe na explicação se a reunião decorresse à porta fechada André Kosters/Lusa

Falando perante a comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Almerindo Marques disse que só poderia ir mais longe neste aspecto se a reunião decorresse à porta fechada, ou seja, sem a presença de jornalistas. Posteriormente, os partidos políticos da maioria e da oposição declinaram ouvir à porta fechada o administrador da RTP.

Acompanhado pelo administrador da televisão pública Luís Marques, Almerindo Marques foi ouvido em sede de comissão parlamentar logo após o director de informação demissionário da RTP, José Rodrigues dos Santos.

José Rodrigues dos Santos explicou as razões que o levaram a afastar-se do cargo, depois de o conselho de administração da televisão pública ter escolhido para correspondente em Madrid uma jornalista classificada em quarto lugar no concurso interno.

Segundo Almerindo Marques, no concurso para a colocação de um correspondente na capital espanhola, o critério hierarquizado - do primeiro ao quarto lugar - não foi ratificado pela administração, porque "o único critério válido" é o da distinção "entre jornalistas aptos ou não aptos". "Seguimos religiosamente os critérios editoriais", assegurou Almerindo Marques, citado pela Lusa.

"Se a administração fosse levada a aceitar uma classificação ordinal [nos concursos], isso criaria problemas com outros correspondentes" e "levaria a que se gerassem ódios dentro da empresa", justificou o presidente do conselho de administração da RTP, logo na sua intervenção inicial.

"Se aceitássemos classificações ordinais, tal criaria um grande sarilho na RTP", acrescentou Almerindo Marques numa segunda intervenção sobre o assunto (em resposta aos deputados presentes), adiantando que esses critérios poderiam motivar demissões na empresa.

Nomeação para Madrid foi "acto de gestão de recursos humanos"

Almerindo Marques justificou ainda a nomeação do correspondente em Madrid, contra a opinião da direcção de informação da RTP, como "um acto de gestão de recursos humanos".

"A nomeação de correspondentes, desde que salvaguardados os critérios editoriais, é um acto de gestão de recursos humanos", disse Almerindo Marques nas audições sobre a demissão da direcção de informação liderada pelo jornalista José Rodrigues dos Santos.

Frisando que a nomeação do correspondente para Madrid foi "a única situação em que não houve consenso" entre a administração da empresa e a direcção de informação cessante, Almerindo Marques recordou que relativamente a essa escolha, a direcção de informação entendeu que se deveria "basear exclusivamente em critérios jornalísticos".

Contudo, acrescentou, a administração entendeu que a validação dos candidatos ao concurso interno da RTP como "aptos ou não aptos", segundo critérios jornalísticos, tinha de ser complementada com "critérios rigorosos de recursos humanos".

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