Programa nuclear da Líbia ainda estava em fase inicial
"O que vimos foi um programa num estádio ainda muito inicial de desenvolvimento", disse El Baradei. "Não vimos nenhuma instalação de escala industrial para produzir urânio altamente enriquecido; e não vimos nenhum urânio altamente enriquecido" (o material indispensável para o fabrico da bomba nuclear).
A equipa da AIEA visitou no domingo quatro locais nucleares em redor de Tripoli e em todos eles o equipamento tinha sido já desmantelado e encaixotado. El Baradei disse ainda que as origens da tecnologia da Líbia podiam ser facilmente identificáveis "por terem um design familiar". E falou na existência de uma "rede sofisticada" por detrás desta tecnologia: "várias pessoas diferentes em vários locais diferentes, uma rede a que poderíamos chamar um cartel, mas sem ser necessariamente do conhecimento de um país ou países particulares".
Segundo o responsável da AIEA, a Líbia recebia o seu equipamento para o fabrico de armas "através do mercado negro e de intermediários". Por outro lado, fontes ligadas aos serviços secretos citadas pela imprensa britânica referem que, também através de intermediários, Tripoli vendeu uma quantidade substancial de armas de destruição maciça à Al-Qaeda. A organização de Osama bin Laden teria, segundo o chefe dos serviços secretos líbios Musa Kusa, muitas das suas armas químicas e biológicas armazenadas nos Balcãs. Mas, dizem as mesmas fontes, o acordo estabelecido entre Tripoli, Londres e Washington para o fim do programa líbio de armamento, incluía garantias dos britânicos e dos americanos de que as ligações do coronel Khadafi à Al-Qaeda não seriam tornadas públicas.
Ontem, El Baradei declarou-se satisfeito com a cooperação dos seus interlocutores líbios. "Classificaria esta visita como produtiva", disse, acrescentando ter também recebido a promessa de que os peritos da AIEA poderão regressar ao país quando pretenderem.