Líderes mundiais acusam pobreza de estimular terrorismo
"A pobreza em todas as suas formas é a maior ameça, só por si, à paz, segurança, democracia, respeito pelos direitos humanos e pelo ambiente”, disse aos vários delegados presentes o presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Moore.
Os líderes de mais de 50 países deverão assinar hoje um acordo que exorta aos países ricos uma maior ajuda para reduzir o fosso de riqueza com os países pobres e que apela aos países pobres um uso mais eficiente dessa ajuda.
As Nações Unidas adiantaram que é preciso uma ajuda dos países mais avançados de cem mil milhões de dólares (113.600 milhões de euros) para reduzir para metade a pobreza global até ao ano de 2015. A ONU sabe que pode contar com a colaboração de países como a Noruega, Dinamarca, Suécia, Luxemburgo e Holanda — os nórdicos assinaram um declaração comum em que apelam a todos os líderes do mundo que se faça “tudo o que for preciso” para atingir o objectivo global —, mas a ideia de que esta ajuda já vai atrasada persiste em pairar sobre a cimeira.
Pobreza produz violênciaAs comunicações de vários líderes, durante o encontro desta semana, acabaram por tocar num ponto que o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que irá participar hoje na conferência, não poderá ignorar: derrotar a pobreza irá contrariar os “lobbies” por trás do terrorismo internacional.
A corroborar esta teoria estiveram, por exemplo, as intervenções do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, do presidente da assembleia-geral da ONU, Han Seung-Soo, e do Presidente do Peru, Alejandro Toledo (que hoje não se encontra em Monterrey, tendo regressado ao Peru após um atentado à bomba em Lima).
A cimeira aguarda agora, com alguma ansiedade, pela intervenção do chefe de Estado dos EUA, com esperança de que Bush relacione a pobreza ao fundamentalismo islâmico.
George W. Bush poderá também contar com fortes críticas dos seus parceiros no que diz respeito ao montante da ajuda financeira dispensada pelos EUA. O país já prometeu aumentar a sua ajuda financeira em 50 por cento até 2004 — de dez mil milhões de dólares (11.377 milhões de euros) para 15 mil milhões (17.066 milhões de euros) —, mas essa resolução não é considerada suficiente tendo em conta que a ajuda da maior economia do mundo se resume a 0,1 por cento do seu Produto Interno Bruto.