De tijolo em tijolo, a casa de Adelina é reconstruída com a ajuda da comunidade Vinted

A aplicação que permite às pessoas vender produtos que já não utilizam tem sido usada de forma criativa para ajudar quem mais precisa. A Adelina, de 80 anos, está a servir para reconstruir a sua casa.

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Maria diz que o que vendem mais é brinquedos, “principalmente da Lego”, e fala no paralelismo que as peças de montar têm com a casa da avó Kieran Somerville/Unsplash

Foi em Março de 2021 que um incêndio destruiu a casa de Adelina, de 80 anos, na cidade do Porto. A mulher, que prefere não informar o apelido, já tinha sofrido um assalto e, por isso, sentiu que tinha perdido tudo aquilo que passou a vida a construir. “A minha avó tinha sido assaltada e roubaram-lhe tudo, de janelas, acabadas de ser colocadas, a electrodomésticos e mobília. Desde 2011, que a minha avó e a minha mãe tentavam reabilitar a casa como conseguiam”, conta a neta Maria (nome fictício), de 35 anos.

A história chegou aos ouvidos de jovens da zona da Lapa, no Porto, que se sensibilizaram com a situação de Adelina e tentaram ajudá-la como puderam. “Eles criaram uma conta de Instagram e um Go Fund Me para se fazer as obras.” Através desta angariação, os jovens conseguiram juntar 3700 euros. “A minha avó estava completamente feliz. Ela dizia: ‘Encontrei os meus anjinhos’”, recorda Maria.

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A casa foi destruída por um incêndio Cortesia Pedro Duarte

Paralelamente, na tentativa de reunirem capital para mobilar a casa, “juntaram muitas coisas, bonequinhos, livros e roupas e queriam fazer feiras na escola”, continua a neta de Adelina. Foi aí que a plataforma de venda de produtos em segunda mão Vinted entrou na equação. “Falaram-me na Vinted e disseram-me que era preciso criar uma conta”, continua Maria em conversa com o PÚBLICO.

A conta da Vinted revelou-se um sucesso, com pessoas de todas as partes do mundo a sensibilizarem-se para a causa da avó Adelina e, à data de hoje, entre a angariação do Go Fund Me, o segundo emprego que Maria arranjou para ajudar e a Vinted já foram amealhados mais de 13 mil euros. “Havia pessoas que, ao saberem para o que é que era, ofereciam mais dinheiro do que era pedido”, enaltece Maria. “Nós enviamos sempre um bilhete de agradecimento que diz ‘ao comprar um artigo está a ajudar a construir um sonho’. Até aconteceu uma situação em que uma pessoa que tinha comprado um artigo não fazia ideia para o que aquilo era e, quando soube, comprou outro produto para ajudar.”

Maria diz que o que vendem mais é brinquedos, “principalmente da Lego”, e fala no paralelismo que as peças de montar têm com a casa da avó. “Eu estava a ver a filha de uma amiga minha a brincar com os tijolinhos da Lego e pensei como isto é quase uma analogia em que um tijolinho da Lego se vai transformar num tijolo de verdade, uma casa construída por pessoas de todas as partes do mundo. Acaba por ser como as pecinhas da Lego, uma pecinha aqui, outra ali. Não precisam de ser da mesma cor, de condizer, mas encaixam, e foi o que aconteceu ali”, ilustra.

Eleonora Porta, responsável das relações públicas da Vinted para o Sul da Europa, diz que foi na “procura de histórias interessantes para contar à comunidade portuguesa da Vinted” que a plataforma conheceu a história da avó de Maria. “Queremos envolver a nossa comunidade na partilha da história dos seus itens connosco e entre os membros, porque cada peça tem uma história, um momento, um sentimento, e partilhar esse sentimento pode ser a melhor maneira de o passar ao próximo proprietário.”

A responsável afirma que, apesar de a solidariedade não estar “no centro da comunicação da Vinted”, a história de Maria e da sua avó prova que os membros da comunidade têm “ideias maravilhosas, um grande coração e sempre grandes histórias para partilhar”, acrescentando que, com plataformas como esta, “o artigo de segunda mão de alguém pode ser um artigo de primeira mão para outra pessoa, deixando o antigo armário e embarcando numa grande nova vida.”

“A nossa comunidade é importante para nós, e estamos sempre à procura de diferentes formas de a apoiar”, diz Eleonora Porta, referindo o recente lançamento de uma funcionalidade que permite aos membros doar directamente para acções de beneficência a partir da sua conta Vinted. “A nova funcionalidade convida as pessoas a doar parte do dinheiro disponível na sua carteira Vinted ou através de outros métodos de pagamento disponíveis. Neste momento, as instituições envolvidas concentram-se em trazer ajuda humanitária às pessoas afectadas pela guerra na Ucrânia, mas no futuro acrescentaremos outras”, conclui.


Texto editado por Carla B. Ribeiro