O fumo da locomotiva a vapor que acaba de atravessar a ponte D. Maria Pia sufoca os túneis até se fazer luz sobre as plataformas da Estação de São Bento à pinha. Os cabos entrelaçam-se sobre as ruas da cidade e os eléctricos avançam lentamente em fila indiana 31 de Janeiro acima, ajudando a compor uma ruidosa sinfonia de charretes, vendedores de cautelas e bandos de pombos que esvoaçam junto aos sinos da Sé. Se olharmos com atenção, o Porto de O Pintor e a Cidade (filme de 1956 em que Manoel de Oliveira contrapõe a sua visão cinematográfica à do pintor António Cruz) é o mesmo Porto de João Cabral, o fotógrafo e a cidade, seis décadas depois, a mesma neblina, as estátuas que apontam a direcção do ritmo da cidade, a memória dos estendais nas Fontainhas, das marchas de crianças na Sé e dos namoricos na Cordoaria ao som da banda no coreto.
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O fumo da locomotiva a vapor que acaba de atravessar a ponte D. Maria Pia sufoca os túneis até se fazer luz sobre as plataformas da Estação de São Bento à pinha. Os cabos entrelaçam-se sobre as ruas da cidade e os eléctricos avançam lentamente em fila indiana 31 de Janeiro acima, ajudando a compor uma ruidosa sinfonia de charretes, vendedores de cautelas e bandos de pombos que esvoaçam junto aos sinos da Sé. Se olharmos com atenção, o Porto de O Pintor e a Cidade (filme de 1956 em que Manoel de Oliveira contrapõe a sua visão cinematográfica à do pintor António Cruz) é o mesmo Porto de João Cabral, o fotógrafo e a cidade, seis décadas depois, a mesma neblina, as estátuas que apontam a direcção do ritmo da cidade, a memória dos estendais nas Fontainhas, das marchas de crianças na Sé e dos namoricos na Cordoaria ao som da banda no coreto.