Do turismo residual a “capital europeia do enoturismo”: o que Douro andou para aqui chegar

O Alto Douro Vinhateiro parece andar nas bocas do mundo e é fácil esquecer que nem sempre foi assim. Mas não falta ambição: “Queremos vender o Douro como capital europeia do enoturismo”.

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Nelson Garrido

Nos últimos anos, não faltaram menções ao Douro por parte da imprensa e entidades internacionais: da distinção como “destino turístico de excelência”, parte de uma rede mundial de excelência elaborada pelo Centro Mundial de Excelência dos Destinos (CED) e reconhecida pela Organização Mundial de Turismo (OMT), aos vários galardões acumulados nos prémios Best of Wine Tourism; da inclusão em vários tops à laia de “os melhores” em várias publicações internacionais — da National Geographic, que o distinguiu como um dos melhores destinos de turismo sustentável do mundo, ao Huffington Post, que o considerou o “melhor itinerário fluvial da Europa”, sem esquecer a classificação como “melhor estrada do mundo para conduzir” (a N222, entre a Régua e o Pinhão, a “porta de entrada” no “coração” da região), para a Avis e, já este ano, como um dos destinos enológicos a não perder da revista Forbes.

O Alto Douro Vinhateiro parece andar na boca do mundo, e é fácil esquecer que nem sempre foi assim — na verdade, apesar de ser a mais antiga região vitícola demarcada e regulamentada do mundo, manteve-se na penumbra até recentemente. Afinal, até aquele que foi durante séculos o seu produto icónico, reconhecido em todo o mundo, leva outro nome: mas já não é necessário explicar aos turistas que o Vinho do Porto é, afinal, um produto do vale do Douro, da Região Demarcada do Douro, do Alto Douro Vinhateiro (tudo parece misturar-se). E tudo terá mudado com a inscrição na UNESCO do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial na categoria de “Paisagem Cultural Evolutiva e Viva”, cujo efeito se fez sentir por toda a região, e não apenas na área classificada.

A “visibilidade” e “notoriedade” dessa distinção parece estar a obrigar o Douro a perder a sua discrição natural e, nesse processo, está a ganhar terreno nas rotas turísticas mundiais. E a ambição é muita: “Queremos vender o Douro como capital europeia do enoturismo”, afirma o presidente do Turismo do Porto e Norte (TPN), Luís Pedro Martins. “Mas como se levanta isto?”, reflecte. “Com o património mundial da humanidade, excelentes infra-estruturas e hospitalidade ímpar.” E o tanto que o Douro andou para aqui chegar — e o tanto que tem para andar.

“Há 20 anos, o turismo no Douro era residual”, recorda André Meneses, da direcção da Liga de Amigos do Douro Património Mundial (LADPM) — uma memória partilhada por vários que conhecem a região. Desde logo, Gaspar Martins Pereira, um dos coordenadores da candidatura do Douro a património mundial, que fala “da subida exponencial de turismo” na região nos últimos anos, apontando “os indicadores espectaculares” e exemplificando com “a multiplicação da oferta de restauração e hotelaria, que praticamente não tinha expressão” — “não era necessário, não havia turismo”. Quem circulava pelo Douro fazia-o sobretudo a trabalho, havia muito pouca oferta e a que havia não era turística, recorda quem lhe conhecia as manhas. “As quintas do Douro não estavam “abertas” aos turistas para as visitarem, as unidades hoteleiras eram escassas e estavam concentradas apenas nas sedes dos maiores concelhos da região e não havia procura turística”, resume André Meneses.

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Paulo PImenta

O Douro pode ser, como escreveu Miguel Torga, “um poema geológico”, mas essa sua natureza não é fácil para o turismo. Durante séculos, o Douro foi visto “apenas” como uma região agrícola, de produção de vinhos — isolada, um puzzle montanhoso encravado no interior de Portugal, de difícil acesso e de difícil circulação.

Nas últimas décadas do século XX, porém, o isolamento começou a ser quebrado — o Douro tornou-se navegável, construíram-se auto-estradas, os comboios (e esta é uma questão à parte) faziam o seu lento percurso até Barca d’Alva. Continuava, contudo, a ser uma presença secundária nos roteiros turísticos, ainda que aí tenha sido criada a primeira rota enoturística do país, a do Vinho do Porto (ao mesmo tempo que os vinho de mesa do Douro começavam a conquistar espaço); ainda que os barcos já subissem o rio com visitantes; ainda que as excursões para ver as amendoeiras em flor fossem uma tradição.

Não há muitas estatísticas da época e as que perduram podem já estar descontextualizadas no meio de muitas reformas administrativas regionais e mudanças metodológicas, mas dados do INE registavam o principal indicador turístico da região, o número de alojamentos, em 1999: um total de 2157 camas, para 59 estabelecimentos, divididas entre sete hotéis, 20 pensões e 32 “estabelecimentos de hotelaria tradicional”. No início do século XXI, poucos se atreveriam a falar de turismo no Douro.

Em Dezembro de 2001, a inscrição, pela UNESCO, como Património Mundial veio alterar o panorama: por um lado, virando os holofotes para esta região no interior de Portugal, dando-a a conhecer ao mundo; por outro, abrindo novos horizontes a quem lá estava e obrigando o poder central a olhar de outra forma para o território — o turismo passou a intrometer-se nas decisões de actores locais e nacionais, públicos e privados. Luís Pedro Martins não hesita em apontá-la como um ponto de viragem na “notoriedade do destino”. André Meneses assegura que a inclusão da região na lista de património mundial “ajudou ao seu posicionamento diferenciador no contexto nacional e internacional, permitindo um salto qualitativo e quantitativo ao nível da oferta e da procura turística”.

Não foi, contudo, automático — afinal, como refere Gaspar Martins Pereira, a “classificação não é uma varinha de condão. Tem de ser aproveitada pelos diferentes agentes”. Ana Carvalho estava a estudar Turismo na Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro (UTAD) nos anos subsequentes à inscrição como património mundial. Os professores “falavam da grande oportunidade UNESCO”, e ela saiu da universidade “cheia de projectos”. Era 2004 e ela percebeu que “não havia mentalidade de turismo no Douro”: existiam os cruzeiros a, “timidamente”, trazer visitantes, e eram “pouquíssimas” as quintas abertas ao turismo. Colocou o turismo de lado até 2012, quando começou a montar o que seria a Douro Exclusive (dedicada a experiências enoturísticas e, mais recentemente, ao alojamento e restauração), e, mesmo assim, percebeu que em 10 anos pouco havia mudado. “Havia mais quintas abertas”, concede, “mas o alojamento estava praticamente igual”. “Demorou muito tempo a conseguirmos dar o salto”, reflecte, “e creio que é o posicionamento do Porto que começa a chamar a atenção. Os turistas chegavam lá e queriam saber o que havia para fazer à volta”.

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A jusante — que é como quem diz na Foz do Douro —, o Porto é eleito, pela primeira vez, melhor destino europeu pela Associação de Consumidores Europeus em 2012. E se hoje, à pergunta sobre o que é que mudou no turismo do Douro desde 2001, o presidente do TPN responde colocando à frente “a qualidade de infra-estruturas de recepção de turistas”, um trabalho dos últimos dez anos, feito, sobretudo, afirma Luís Pedro Martins, pelos privados. As estatísticas são dispersas, mas vamos a elas: em 2002, o primeiro ano como Património Mundial, havia 2308 camas no território da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro (19 concelhos, mais seis do que os 13 incluídos na região inscrita pela UNESCO), segundo dados compilados pelo TPN; em 2012, eram 2303. Do lado da procura, ou seja, dos hóspedes, o panorama é similar: 154.874 em 2002; 125 .414 em 2012.

Percebe-se por estes números que durante mais de uma década depois da inscrição, o Douro permaneceu, na sua maior parte, ensimesmado. Houve a abertura de espaços culturais — notavelmente, os museus do Douro e Côa, os teatros de Vila Real e Lamego, por exemplo —, a agenda de eventos foi engordando. Contudo, demorava a chegar “novo turismo”. Foi lento o caminho que se fez, assente em dois pólos: por um lado os cruzeiros no rio; por outro, as visitas às quintas produtoras de vinho — são estes que continuam a atrair mais visitantes à região.

“Falar no Douro sem falar da operação que é feita no rio por parte das empresas marítimo-turístico seria injusto”, assume o presidente do TPN, “uma vez que foram elas que trouxeram notoriedade mundial para o destino” — e continuam, com uma maior variedade de oferta (dos grandes cruzeiros que vêm do Porto aos veleiros, por exemplo) e de programas (desde os de poucas horas até aos que incluem alimentação e alojamento a bordo, passando pelas visitas a quintas, aldeias, restaurantes).

“Em terra” foram as quintas — as grandes casas e os pequenos produtores de vinho, nota André Meneses — a rebocar o turismo. Começaram a abrir-se para visitas a adegas e provas de vinho — no início, muito poucas, tantas vezes fechadas ao fim-de-semana, tantas vezes com necessidade de marcação com muita antecipação (longe do panorama actual, em que na Internet se podem reservar visitas para o próprio dia) — e chegaram ao alojamento.

Estes dados são também um espelho do que se passa do lado da procura. Desde 2002, o Douro recebeu 3,4 milhões de hóspedes — representando 5,3 milhões de dormidas, de acordo com dados do TPN para a CIM Douro. Nos anos de 2013, 2015, 2016, 2018 e 2019, o crescimento foi de dois dígitos, sendo que no período entre 2015 e 2019 se registou um salto de 36% no número de turistas que pernoitam na região — passou-se de 212.495 (33% dos quais estrangeiros) para 331. 699 (40,66 % de estrangeiros). As dormidas, contudo, registaram um aumento um pouco mais modesto — 33% (das 337.664 em 2015, para as 501.573 em 2019) —, que resulta num decréscimo na estada média nos estabelecimentos de alojamento — de 1,6 noites para 1,5 noites.

“Contrariamente à ideia que tínhamos”, resume o presidente do TPN, “o Douro em 2019 só ainda captava 4,6% dos visitantes da região Norte”. E não os consegue “reter” durante muito tempo, mesmo se o número de agentes de animação turística também tenha aumentado — 134, segundo o Registo Nacional do Turismo (RNT), “poucos”, avalia Luís Pedro Martins, sobretudo se compararmos com outros subdestinos da Região Norte. Seguimos o rasto dos números até à actualidade: em 2021, existem 208 empreendimentos turísticos (o que deixa de fora os Alojamento Locais, para os quais não há registo por NUTS III). Destes, 36 são hotéis e 163 são unidades de turismo de habitação e turismo em espaço rural. Estes números vêem-se no terreno: a região deixa de ser coutada do pequeno turismo rural — este engrandece e sofistica-se também, os hotéis de charme surgem e o Douro passa a estar na rota de grandes cadeias hoteleiras internacionais. Surgem projectos cada vez mais arrojados, tanto em hotéis como em quintas. “Hoje, no Douro, consegue ter desde Airbnb às maiores marcas mundiais de hotelaria”, sublinha Luís Pedro Martins. No entanto, e apesar do aumento inequívoco da oferta nas últimas duas décadas, continua muito baixo no contexto nacional (apenas 4% do total) e mesmo na região Norte (13%), onde se insere o Douro.

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Estes dados são também um espelho do que se passa do lado da procura. Um estudo do TPN relativo à CIM Douro relativo ao período entre 2015 e 2019 revela um aumento considerável de turistas que pernoitam na região: passaram de 212.495 (33% dos quais estrangeiros) para 331.699 (40,66% de estrangeiros) — para um total de 3,4 milhões desde 2002, tendo-se registado nos anos de 2013, 2015, 2016, 2018 e 2019 um crescimento de dois dígitos — sendo que as dormidas aumentaram cerca de 33% (representando, desde 2002, 5,3 milhões). Contudo, a estada média nos estabelecimentos de alojamento desceu de 1,6 noites para 1,5 noites (embora se mantenha no mesmo número em unidades TER e de TH). “Contrariamente à ideia que tínhamos”, resume o presidente do TPN, “o Douro, em 2019, só ainda captava 4,6% dos visitantes da região Norte”. Mesmo se o número de agentes de animação turística também tenham aumentado — 134, segundo o RNT, “poucos”, avalia Luís Pedro Martins, sobretudo se compararmos com outros subdestinos da Região Norte. Por isso, se “mudou muita coisa no Douro” nestes últimos 20 anos, “ainda há muito para fazer”, considera Luís Pedro Martins.

Se muito mudou, o turismo do Douro continua assente em dois pilares. Por um lado, os barcos. Em 2019, a Via Navegável do Douro foi responsável pelo transporte de 1,644 milhões passageiros (número que sofreu uma quebra de 78% em 2020), que contrasta com os 545.630 de 2013. No mesmo período, o número de operadores passou de 35 para 85, e as embarcações, de 86 para 186. O outro pilar é a ligação (virtuosa) entre o negócio do vinho e o turismo. “A aposta no enoturismo contribuiu para o cross-selling de produtos das pequenas empresas, já que, ao mesmo tempo que promovem os seus vinhos, promovem as suas unidades turísticas e vice-versa”, diz o dirigente da LADPM. O enoturismo parece um destino natural para o vale do Douro: afinal, antes de ser destino turístico, era, e é, região vitivinícola. É esse o ADN que está impresso nas suas paisagens, na sua gente, no seu património, seja ele material ou imaterial — é essa a marca explícita na inscrição na UNESCO.

Não surpreende, portanto, que a vinha e o vinho sejam assumidos, sem rodeios, como o principal produto turístico da região. “O enoturismo vai à frente”, afirma Luís Pedro Martins — “e ainda vai estar mais”, assume. Isto porque, confessa, “estava quase tudo por fazer em termos de produto estruturado”.

No terreno, o trabalho está a ser feito, mais uma vez, por parte dos privados, e o enoturismo vai-se consolidando em várias valências — constroem-se salas de provas e lojas de vinhos, abrem-se restaurantes onde a gastronomia tem a assinatura de chefs, piscinas e spas entram na oferta, desenham-se adegas de autor. As experiências diversificam-se: caminhadas, passeios de bicicleta, piqueniques, até massagens, ou, por exemplo, aulas de ioga nas vinhas, a criação de vinhos, aulas de cozinha regional, harmonização de produtos locais com vinhos. Mas, considera o presidente do TPN, “está quase tudo por fazer em termos de produto estruturado”: “Ao fazermos a articulação do que há em pacotes turísticos, teremos um produto que, em matéria de enoturismo, e não tenho problemas nenhuns em dizê-lo, é para competir com Napa Valley [Califórnia, EUA], Mendonza [Argentina], Stellanbosch [África do Sul]”. “Não ficamos atrás”, prossegue, “antes pelo contrário, se falamos em qualidade dos nossos vinhos, das infra-estruturas e da paisagem que oferecemos”. Falta, avalia, investimento em marketing e comunicação — e a tal cooperação que começa a ganhar forma. “Costumo dizer que, em relação ao enoturismo, o melhor está para vir.”

Contudo, o enoturismo não vai só, não é um “monocultura”, digamos. André Meneses realça que, ao longo dos anos “foram implementados um conjunto de produtos turísticos estratégicos e outros complementares que contribuíram decisivamente para o actual posicionamento do turismo na região para além do enoturismo, nomeadamente o touring cultural e paisagístico, o turismo de natureza e a gastronomia e vinhos”.

Na verdade, em 2007, o Plano Estratégico Nacional de Turismo definiu os produtos turísticos estratégicos para a região do Douro: vinhos e gastronomia, turismo náutico, touring cultural e paisagístico, turismo de natureza, turismo de saúde e bem-estar. Em 2021, quando Luís Pedro Martins fala do que se pretende que sejam produtos-âncora do Douro começa, “obviamente”, pelos vinhos e gastronomia, passa pelo turismo da natureza e cultural, “sem dúvida”, e não esquece, “claro”, as chancelas do Património Mundial, que “dão grande carácter ao Douro”. Sublinha ainda “dois produtos que não são tão falados” mas que serão uma aposta: o termalismo, no que é um regresso a um passado não muito longínquo (em Caldas de Aregos e, em breve, novamente, nas Caldas de Moledo), e o turismo literário, quase um imperativo num destino que tem a sorte de ter sido percorrido por grandes escritores como “Eça, Agustina, Torga…”

Há quem fale de “novos turismos” no Douro, mas estes estão basicamente construídos nos recursos endógenos da região. O território que é “naturalmente” enoturístico é o mesmo que se presta ao turismo de natureza, ao turismo náutico, ao turismo cultural ou ao turismo rural. Porque tudo se mistura: o Douro é os socalcos e o rio, antes de mais, mas é também as aldeias vinhateiras e as quintas, os solares antigos e as novas construções que pontuam o cenário (e são hotéis, restaurantes e adegas — ou até a espécie de OVNI que encima a montanha diante do Pinhão). São os nomes das marcas de vinho do Porto, tantas em inglês, que saltam da paisagem e contam uma história secular, e são os nomes, cada vez mais em português, que encimam portões e testemunham um Douro que aprendeu a ser tranquilo no vinho. São as vinhas das encostas no rio Douro, a sua espinha dorsal, mas também as dos seus afluentes. São oliveiras que demarcam terrenos, são mortórios se calhar já sem pomares mas com memórias das ordens religiosas que também o ajudaram a definir. São aldeias sem charme e as vilas anódinas — salva-as tudo o resto, a natureza sublimada pela acção do Homem. O Douro é rasar o rio de carro ou acompanhá-lo de comboio, é deslizar nele como quem desfia uma história antiga, é subir montanhas e abraçá-las metodicamente em mil curvas.

O Douro não escapa ao que é, e como é Património Mundial, a mudança tem de acontecer para que permaneça tudo igual. O turismo tem de ter cuidado. Não pode ser de massas — e para isso até a geografia contribui: naturalmente não tem vocação para tal; não pode sobrepor-se à paisagem — e, por isso, há regularmente projectos chumbados. Para Luís Pedro Martins, as linhas vermelhas que a inscrição pela UNESCO impõe são precisamente o que permite que o Douro continue a ser atractivo. “A obrigatoriedade de ter de respeitar a paisagem, de ter de ter cuidado com o edificado, de ter muita atenção à poluição e à sustentabilidade é óptimo em matéria de turismo. É excelente que exista”, afirma.

Os desafios principais chegam por outro lado: a reduzida mobilidade, a falta de animação turística, a escassez de recursos humanos, a demografia negativa, a necessidade de cooperação em rede entre todos os actores do território, aponta André Meneses - e até “a manutenção dos vinhedos dos micro e pequenos viticultores essenciais para a classificação e para a autenticidade da região”. É a autenticidade que assegura manutenção da classificação como Património Mundial e esta, por sua vez, foi o passaporte que assegurou a valorização do vinho do Douro e “criou”, o turismo na região onde esse vinho é produzido. É, numa altura em que tanto se fala de certificados, o certificado de futuro do turismo da região: o Douro tem de manter-se “autêntico” e, nessa forma, ser turístico.