A elegante heresia de Paul Verhoeven e a raiva íntima de Nadav Lapid

O “filme escândalo” é, afinal, um olhar grácil sobre a fé a heresia. E a raiva um deserto íntimo. Benedetta e Ahed’s Knee na competição de Cannes.

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"Benedetta", de Paul Verhoeven, baseado no livro "Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun", de Judith C. Brown, história e personagem reais

Podemos começar por dizer que Benedetta Carlini, a freira de um convento de Pescia, na Toscana, nos idos de 1623, e a sua recusa em fazer do corpo um túmulo, as suas visões eróticas, e as suas explorações na cama com a Irmã Bartolomea, deram um filme de aventuras. Mais do que “filme de convento”. É o Benedetta, de Paul Verhoeven, baseado no livro Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun, de Judith C. Brown, história e personagem reais, que chegou finalmente à competição na Croisette, de que ficou à espera desde o cancelamento da edição de 2020 do festival. É caso para dizer que havia fé nos produtores e no realizador para suspenderem a estreia do filme e esperar por (um prémio em…?) Cannes 2021. Onde, cumprindo ou não as expectativas de “filme escândalo”, há sequências, uma delas, pelo menos, a que mostra a utilidade íntima de uma estatueta da Virgem, que motivam dossiers em publicações sobre “o sexo nos filmes de Cannes 2021” (até agora, quase nada, não fora o cunnilingus cantado de Annette, de Leos Carax, mas é preciso calma, estamos no início).

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Podemos começar por dizer que Benedetta Carlini, a freira de um convento de Pescia, na Toscana, nos idos de 1623, e a sua recusa em fazer do corpo um túmulo, as suas visões eróticas, e as suas explorações na cama com a Irmã Bartolomea, deram um filme de aventuras. Mais do que “filme de convento”. É o Benedetta, de Paul Verhoeven, baseado no livro Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun, de Judith C. Brown, história e personagem reais, que chegou finalmente à competição na Croisette, de que ficou à espera desde o cancelamento da edição de 2020 do festival. É caso para dizer que havia fé nos produtores e no realizador para suspenderem a estreia do filme e esperar por (um prémio em…?) Cannes 2021. Onde, cumprindo ou não as expectativas de “filme escândalo”, há sequências, uma delas, pelo menos, a que mostra a utilidade íntima de uma estatueta da Virgem, que motivam dossiers em publicações sobre “o sexo nos filmes de Cannes 2021” (até agora, quase nada, não fora o cunnilingus cantado de Annette, de Leos Carax, mas é preciso calma, estamos no início).