“Sinto falta de fotografar a minha cidade cheia de vida e de espontaneidade” (Calogero Agrò, Palermo)
A Fugas colocou quatro perguntas numa garrafa e lançou-as ao mar do Instagram. A pandemia cortou-nos as asas? Continuamos a voar — cada um sua maneira. “Claro que adoraria visitar Portugal”, aponta @ichmiles, desde Itália.
Com o número de mortes a ultrapassar os 30 mil desde que a pandemia chegou a Itália, ainda poucos arriscam sair para respirar e para fotografar, recuperando rotinas diárias. À Fugas, Calogero Agrò, conhecido no Instagram por @ichmiles — e reconhecido pela talha dourada com que parece cobrir as suas fotografias —, lembra “a força” e “o sentido de comunidade” que se foram desenvolvendo no país ao longo das últimas longas e duras semanas. A situação dramática, diz este estudante de engenharia de 21 anos, actualmente em Palermo, renovou o seu desejo de explorar Itália de uma ponta a outra “na esperança de mostrar um pouco da sua beleza aos futuros viajantes”.
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Com o número de mortes a ultrapassar os 30 mil desde que a pandemia chegou a Itália, ainda poucos arriscam sair para respirar e para fotografar, recuperando rotinas diárias. À Fugas, Calogero Agrò, conhecido no Instagram por @ichmiles — e reconhecido pela talha dourada com que parece cobrir as suas fotografias —, lembra “a força” e “o sentido de comunidade” que se foram desenvolvendo no país ao longo das últimas longas e duras semanas. A situação dramática, diz este estudante de engenharia de 21 anos, actualmente em Palermo, renovou o seu desejo de explorar Itália de uma ponta a outra “na esperança de mostrar um pouco da sua beleza aos futuros viajantes”.
Como é o teu dia-a-dia durante a pandemia?
Com a actual situação de incerteza do lado de fora, tento ser o mais organizado e produtivo no meu confinamento durante a pandemia. De momento, o meu foco principal está nos meus estudos de Engenharia e quando o tempo o permite, escapo-me para as minhas fotografias. Para além dos meus estudos e da minha paixão, dedico algum tempo a mim próprio: tempo para descansar, para ler um livro ou para conversar virtualmente com amigos.
De que é que tens mais saudades — e de fotografar?
Antes da quarentena, nos dias de folga cercava-me de natureza, caminhava muito e explorava Palermo ou as cidades próximas da Sicília. O que mais sinto falta é dos espaços abertos e das interacções com outras pessoas. Sinto saudades de fotografar os meus amigos. E sinto falta de fotografar a minha cidade cheia de vida e de espontaneidade.
Como vês o teu país no futuro?
Como a maioria das pessoas sabe, a Itália foi atingida muito cedo e de uma forma muito violenta pela epidemia. Em resultado disso mesmo, vejo a muita força que entretanto se desenvolveu no meu país e um grande sentido de comunidade entre as pessoas. Acredito que o governo fez as escolhas certas desde o início e espero que a Itália retorne lentamente ao normal nos próximos meses. Essa situação renovou o meu desejo de viajar mais na minha terra natal, na esperança de mostrar um pouco da sua beleza aos futuros viajantes.
Mentalmente já planeaste a primeira viagem depois de tudo isto?
Quando a situação actual for ultrapassada, gostaria de desenvolver um projecto sobre minha cidade natal, Palermo. E adoraria viajar pela Itália, percorrendo o país de Sul a Norte. Existem muitos lugares turísticos bem conhecidos, como Cinque Terre e Amalfi, que ainda não vi, além de cidades pitorescas menos conhecidas. Como país, Itália é esteticamente e culturalmente muito rico. E claro que adoraria visitar Portugal e França — e muito provavelmente deliciar-me com muitos pastéis de nata e doces franceses pelo caminho. Recentemente, fiquei muito curioso relativamente à cultura asiática e sinto-me particularmente inspirado pela Coreia do Sul e pelo Japão. No geral, estou ansioso pelo dia em que o mundo será um sítio saudável e em que essa sede de viajar se tornará realidade.