“Precisaremos mais do que nunca de viajar” (Urch, fotógrafo, São Paulo)
A Fugas colocou quatro perguntas numa garrafa e lançou-as ao mar do Instagram. A pandemia cortou-nos as asas? Continuamos a voar — cada um sua maneira. “É difícil manter a sanidade total”, desabafa @aurch.
Alexandre Urch apareceu no Instagram de máscara a 23 de Março. Lentamente o Brasil ia acordando para a pandemia, que também tomou conta das rotinas do fotógrafo habituado a respirar através da ruidosa e excessiva São Paulo. “Os primeiros dias da quarentena foram fáceis, um grande feriado em casa. Mas com os passar dos dias as paredes começam-se a fechar sobre nós, o silêncio das ruas, a falta de contacto humano começa a fazer diferença”, escreveu @aurch, que passou a fotografar máscaras descartadas, atiradas para o chão, “evidências de humanos”, como lhes chama o fotógrafo que assumidamente precisa da poluição de São Paulo “nos pulmões a todo vapor”. Sem pessoas — e sente especialmente saudades de fotografar pessoas e de conversar com elas —, vai planeando uma viagem em família. “Assim que a pandemia passar, precisaremos mais do que nunca de viajar. Mas nunca mais uma viagem será como dantes.”
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Alexandre Urch apareceu no Instagram de máscara a 23 de Março. Lentamente o Brasil ia acordando para a pandemia, que também tomou conta das rotinas do fotógrafo habituado a respirar através da ruidosa e excessiva São Paulo. “Os primeiros dias da quarentena foram fáceis, um grande feriado em casa. Mas com os passar dos dias as paredes começam-se a fechar sobre nós, o silêncio das ruas, a falta de contacto humano começa a fazer diferença”, escreveu @aurch, que passou a fotografar máscaras descartadas, atiradas para o chão, “evidências de humanos”, como lhes chama o fotógrafo que assumidamente precisa da poluição de São Paulo “nos pulmões a todo vapor”. Sem pessoas — e sente especialmente saudades de fotografar pessoas e de conversar com elas —, vai planeando uma viagem em família. “Assim que a pandemia passar, precisaremos mais do que nunca de viajar. Mas nunca mais uma viagem será como dantes.”
Como é o teu dia-a-dia durante a pandemia?
O meu dia durante a pandemia é uma sequência de repetições do dia anterior, por mais que me esforce para tentar algo novo diariamente é difícil manter a sanidade total. Mas ter que ficar em casa fez-me voltar a escrever, coisa que adorava fazer na minha adolescência, e a cozinhar. É um momento muito difícil para todos, mas acredito que todos vamos conseguir tirar algo positivo deste isolamento.
De que é que tens mais saudades — e de fotografar?
O meu trabalho fotográfico é todo voltado para a rua, para o exterior, então o que mais sinto saudades é das pessoas. De parar num café e conversar com o proprietário, de fotografar alguém na rua e de conversar com o fotografado, do cheiro de alguns lugares, das cores das casas, sinto falta de tudo e de todos. Sempre que preciso ir ao mercado ou algum local de extrema importância saio com a minha câmara para fotografar um pouco.
Como vês o teu país no futuro?
Acho que não só o meu país, o Brasil, mas como todos os países que estão a sofrer com essa pandemia passarão por um grande momento de resiliência e evolução. No Brasil acredito que seja um pouco mais difícil, pois, além da covid-19, enfrentamos uma crise política muito grande. O futuro é incerto, mas com certeza trará coisas boas para aqueles que souberam se reinventar durante esta pandemia mundial.
Mentalmente já planeaste a primeira viagem depois disto?
Adoro viajar e estava a começar a planear uma viagem com a minha família para algum lugar da Europa ou para a Argentina. Com certeza, assim que esta pandemia passar, precisaremos mais do que nunca de viajar. Mas nunca mais uma viagem será como dantes. Acredito que vamos dar muito mais valor às pequenas coisas, baixar mais o telemóvel, olhar mais nos olhos, abraçar mais, viver mais. E isso não só viajando, mas na nossa própria rotina diária.