Mais de metade dos países europeus já tem data para reabrir as escolas
Análise a 38 países europeus mostra que a covid-19 pôs as escolas no congelador, mas por agora só Malta e Portugal decidiram que o encerramento ao nível do básico e secundário é para manter até ao final do ano lectivo.
Das creches ao ensino superior, praticamente tudo continua fechado na Europa devido à covid-19. É esse o panorama traçado nesta terça-feira pela rede Eurydice, que analisa os sistemas educativos de 38 países europeus. E não só continua quase tudo encerrado como em muitos casos não existe qualquer data fixada para a reabertura das escolas.
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Das creches ao ensino superior, praticamente tudo continua fechado na Europa devido à covid-19. É esse o panorama traçado nesta terça-feira pela rede Eurydice, que analisa os sistemas educativos de 38 países europeus. E não só continua quase tudo encerrado como em muitos casos não existe qualquer data fixada para a reabertura das escolas.
Nas creches e na educação pré-escolar são 17 os países nesta situação, no ensino básico e secundário somam 16 e no superior o número sobe para 17.
Esta é também a situação reportada para Portugal no caso das creches, pré-escolar e ensino superior, embora o Governo já tenha anunciado que está a ponderar a reabertura das primeiras no próximo mês e dado indicações às universidades e politécnicos para que regressem às aulas presenciais também em Maio.
Já quanto ao ensino básico e secundário, a Eurydice junta Portugal ao pequeno grupo de países que já decidiram que as escolas ficarão encerradas até ao final do ano lectivo. Na verdade, são apenas dois: Malta e Portugal. Por cá é certo que os alunos do 1.º ao 10.º ano não voltarão de facto a ter aulas presenciais este ano lectivo, mas o Governo, conforme anunciado a 9 de Abril, poderá vir a abrir uma excepção para o 11.º e 12.º por serem anos com exames nacionais.
O retrato agora divulgado permite também constatar que 21 dos 38 países analisados já fixaram datas para a reabertura do ensino superior e 22 para o arranque das aulas do básico e secundário. O que poderá começar a acontecer já a partir da próxima segunda-feira, dia 27 de Abril, prolongando-se o calendário para a reabertura das instituições de ensino até 30 de Maio.
E depois, como sempre, existem as excepções. Que no caso dizem respeito aos países que mantiveram as escolas abertas, embora variando consoante o nível de escolaridade. No básico e secundário são três. Na Dinamarca, os estabelecimentos de ensino equivalentes ao 1.º e 2.º ciclo continuaram sempre a funcionar, na Suécia tal aconteceu também até ao 3.º ciclo e o mesmo sucedeu na Islândia, embora com restrições.
Acesso ao ensino superior
No ensino superior já há instituições abertas desde segunda-feira, dia 20, em dois países. Na República Checa apenas para exames ou tutorias individuais. E na Alemanha as escolas do superior foram autorizadas a reabrir com base num acordo entre o Governo de Berlim e os estados federados, que têm autonomia para decidir quando tal acontecerá.
Num artigo também divulgado nesta terça-feira pela mesma rede europeia, intitulado How should students be admitted to higher education this year?, os investigadores David Crosier e Nikol Vasilieiou chamam a atenção para o facto de as instituições do ensino superior em muitos países só deverem estar em condições de retomar “normalmente a sua actividade, no mínimo, no princípio do próximo ano académico”. Ao mesmo tempo, frisam, “muitos sistemas educativos poderão ter de cancelar os exames do final do ensino secundário”, como já aconteceu na Irlanda, Holanda, Suécia, Eslováquia e Reino Unido, entre outros e, por isso, as “instituições do ensino superior terão de encontrar novas formas para a admissão dos estudantes”.
Por conta desta situação, deixam esta pergunta: “Irá este processo ser justo?” E também um desafio: “A pandemia provocada pela covid-19 veio oferecer uma oportunidade inesperada para se reflectir sobre o papel dos sistemas de admissão [ao superior]” e sobre como garantir a “inclusão de mais estudantes” neste nível de ensino, o que traria “enormes benefícios para as pessoas e para a sociedade.”