Berlim avança com pacote de estímulos de 350 mil milhões de euros

Alemanha adopta medidas de emergência sem precedentes para salvar economia do impacto da pandemia do novo coronavírus.

Foto
LUSA/FRIEDEMANN VOGEL

Depois de Bruxelas ter dado carta-branca aos Estados para furarem os limites do défice e gastarem o que for preciso para salvar as economias, a Alemanha está a preparar-se para um colossal pacote de estímulos em torno de 350 mil milhões de euros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois de Bruxelas ter dado carta-branca aos Estados para furarem os limites do défice e gastarem o que for preciso para salvar as economias, a Alemanha está a preparar-se para um colossal pacote de estímulos em torno de 350 mil milhões de euros.

Segundo o Financial Times (FT), este gigantesco envelope inclui 156 mil milhões de euros de nova dívida destinada a ajudar a maior economia da zona euro a ultrapassar os efeitos paralisantes da covid-19.

O jornal britânico nota que o pacote de emergência equivale a 10% do PIB germânico e representa uma mudança radical na política de défice zero que tem sido seguida com mão de ferro pela Alemanha nos últimos anos.

Esta viragem na política orçamental “reflecte o alarme crescente no seio do governo alemão com os profundos impactos” que a pandemia vai ter na maior economia da zona euro, onde as grandes companhias estão a fechar as fábricas (como é exemplo a Volkswagen, que fechou a fábrica de Palmela por falta de pessoal) e o sector dos serviços está a desmantelar-se, à imagem do que se passa no resto do mundo.

O FT assegura que Scholz irá apresentar, na segunda-feira, um pacote que inclui um reforço orçamental de 156 mil milhões de euros, mais 100 mil milhões de euros para um fundo de estabilização que pode entrar no capital de empresas em dificuldades, e que libertará ainda garantias estatais de 400 mil milhões de euros para subscrever dívida do sector empresarial.

A ajuda à tesouraria das empresas alemãs chegará também por via de empréstimos do banco de desenvolvimento alemão KfW, para onde os cofres públicos canalizarão outros 100 mil milhões de euros.

Na sexta-feira, em entrevista a uma rádio alemã, Olaf Scholz tinha afirmado que, tal como o governo tinha ajudado os bancos a sobreviver depois do colapso do Lehman Brothers, estava agora “preparado para fazer chegar liquidez à economia real”, onde milhares de empresas se viram de repente sem qualquer negócio.

O FT garante ainda que na reunião de segunda-feira com os restantes ministros, Scholz irá pedir que seja afrouxada aquela que tem sido uma das regras de ouro da política orçamental do país: a “regra-travão da dívida”, que foi introduzida na constituição em 2009.

Esta “regra-travão” limita o novo endividamento público a 0,35% do PIB. A constituição alemã dá alguma margem para alterar o limite do endividamento, prevendo que possa verificar-se sempre que o país seja atingido por uma emergência ou catástrofe, com impacto significativo na execução orçamental.