Casas do Côro vão ter no Douro sete Casas da Linha Férrea
Paulo Romão, fundador das Casas do Côro, em Marialva, confirma a recuperação de sete casas – apeadeiros e casas de manutenção da linha comboio – entre o Pocinho e Barca de Alva. O objectivo é fazer seis suítes e uma sala de refeições.
O projecto Casas do Côro vai abrir em breve a primeira de sete casas na linha férrea entre a aldeia do Pocinho e Barca de Alva. O novo plano, com uma concessão de 35 anos e um investimento a rondar um milhão de euros, prevê a recuperação de apeadeiros e casas de manutenção da linha de comboio no Douro.
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O projecto Casas do Côro vai abrir em breve a primeira de sete casas na linha férrea entre a aldeia do Pocinho e Barca de Alva. O novo plano, com uma concessão de 35 anos e um investimento a rondar um milhão de euros, prevê a recuperação de apeadeiros e casas de manutenção da linha de comboio no Douro.
“O objectivo é fazer seis suítes à beira da água. Três delas nem sequer têm ligação por terra, só por água ou pela linha, que está inactiva”, descreveu à Fugas Paulo Romão, que, na companhia da esposa, Cármen, fundou as Casas de Côro, em Marialva, há precisamente 20 anos.
A obra da primeira casa já está a decorrer, sendo que essa primeira Casas de Côro - Casa da Linha Férrea deverá ser inaugurada no próximo mês de Abril. “Esta será diferente de todas as outras”, adianta Paulo Romão, referindo-se a uma “sala de refeições”, que irá servir não só o barco da empresa (a nova embarcação de 11 metros Casas do Côro que em breve estará atracada no Cais do Pocinho) como também qualquer pessoa que marque antecipadamente. Antevê-se “uma vista deslumbrante” e uma casa “muito bem recuperada” com um deck de quase oitenta metros quadrados “para aproveitar o pôr do Sol no Douro”.
A primeira casa fica a três quilómetros a nascente da barragem do Pocinho e as restantes seis encontram-se até Barca de Alva, sempre na linha férrea e com uma distância entre elas que varia entre três e cinco quilómetros. Todas terão a designação Casa da Linha Férrea e um código distintivo – a primeira será PK 173,822 – que remete para a abreviatura de “ponto quilométrico”, léxico que permitia referenciar uma ocorrência ou uma instalação ao longo da linha.
“Há 15 anos que temos um barco no Douro e passeios com viagem taylor made. Achámos que estava na hora de dar um salto neste tipo de experiência”, sublinha Paulo Romão. No Douro, as Casas do Côro terão um segundo barco (com dois camarotes e a possibilidade de servir a bordo refeições até oito pessoas) e na margem estruturas de apoio fluvial.
“Começámos a olhar muito para as margens porque precisamos de um sítio físico para poder dar azo à nossa irreverência, aos nossos programas e eventos. E não havia. Esta parte superior do Douro, entre o Pocinho e Barca de Alva, está praticamente tomada e não víamos ali grandes soluções.” Até ao dia em que o seu desejo coincidiu com um projecto das Estruturas de Portugal. “Um dia olhei para as casas do caminho-de-ferro que estão todas em ruínas e percebi que é um património que importava recuperar. A Infraestruturas de Portugal (IP) estava à procura de alguém que se interessasse por essas casas para poder recuperar o património e para o pôr ao serviço da comunidade local do ponto de vista turístico”, explicou Paulo Romão, “muito entusiasmado” com a temporada que se avizinha.
“Este é um projecto que vem reforçar a consistência do projecto Casas do Côro, sempre à procura de novas oportunidades muito focadas no território. É um bocadinho a nossa missão”, assume o proprietário, perante um investimento de cerca de um milhão de euros e “pesado”, tendo em conta a “escassez de metros quadrados” e as especificidades da obra: “acessibilidades difíceis” e parâmetros da recuperação “bem definidos pela IP” tendo em conta a manutenção e preservação do património existente.
Três das casas têm ligação por terra e por isso terão todos os serviços. As restantes três, sem acessos por terra, “vão ter menos serviços”, mas terão por seu lado “uma experiência auto-suficiente” depois de o barco atracar. Refira-se que as casas originais não tinham casas de banho. Todas dispunham de lareira, forno a lenha e corte dos animais, estruturas que serão aproveitadas. “Tentaremos replicar o que aquelas casas foram no passado, adaptando-as às novas necessidades”, sublinha Paulo Romão. “As pessoas perguntam-me como será a logística. Ainda não sei, mas a minha esposa tem uma boa resposta: ‘Veneza só tem água e tudo funciona'”.