Bolsas a caminho da pior semana desde a crise financeira
Os receios de uma recessão global provocada pela disseminação mundial do coronavírus estão a levar os investidores a recolher os lucros acumulados nos últimos anos de máximos históricos nas bolsas.
O contágio das preocupações dos investidores está a acompanhar o ritmo do aumento de novos casos de coronavírus em todo o mundo. As bolsas de Wall Street fecharam com perdas de mais de 4% na quinta-feira, os mercados asiáticos estenderam as desvalorizações que têm marcado os últimos dias e na Europa, no arranque do dia de sexta-feira, os índices voltaram a sofrer quedas abruptas entre 3% e 4%.
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O contágio das preocupações dos investidores está a acompanhar o ritmo do aumento de novos casos de coronavírus em todo o mundo. As bolsas de Wall Street fecharam com perdas de mais de 4% na quinta-feira, os mercados asiáticos estenderam as desvalorizações que têm marcado os últimos dias e na Europa, no arranque do dia de sexta-feira, os índices voltaram a sofrer quedas abruptas entre 3% e 4%.
As acções a nível global já estão a cair mais de 10% face aos máximos atingidos em Fevereiro e prepararam-se para fechar a pior semana desde a crise financeira de 2008.
A fuga dos investidores para activos de refúgio, como a dívida pública norte-americana ou as matérias-primas, é um reflexo dos alertas que vão sendo feitos acerca de um cenário de recessão global desencadeada pela infecção que começou na China.
“Apesar de os mercados estarem a descontar o impacto económico da doença atingir os Estados Unidos, a verdade é que ainda não vimos a emergência” de um número elevado de casos positivos em território norte-americano, disse à Bloomberg um analista do mercado cambial, alertando contudo que “assim que isso acontecer, iremos assistir a uma aceleração das perdas”.
Entretanto, a agência de classificação de dívida Moody’s já alertou que uma eventual pandemia irá desencadear uma recessão nos EUA e a nível global no primeiro semestre do ano, reforçando o diagnóstico que outros analistas têm vindo a fazer sobre o impacto das restrições à actividade económica provocadas pelas tentativas de travar o coronavírus.
O Bank of America previu já que a economia global está a caminhar para o seu ano mais fraco desde a crise financeira de 2008.
“É razoável assumir que iremos ter um abrandamento bastante significativo no crescimento económico, pelo menos no primeiro semestre do ano, em termos globais”, explicou à Reuters uma analista da Charles Schwab, acrescentando que “isto acontece numa altura em que o crescimento era já relativamente frágil em todo o mundo e as valorizações [das bolsas] estavam manifestamente altas”, depois de um período longo de subidas para máximos, nalguns casos, históricos.
Perante este cenário, os principais índices europeus estão todos a replicar a dimensão das quedas sofridas pelos EUA na noite de quinta-feira, onde o Dow Jones chegou a sofrer mesmo uma das piores perdas diárias de valor de sempre durante uma sessão em que fechou a cair 4,4%. O mais abrangente S&P acelerou as perdas acumuladas nas últimas seis sessões, a um ritmo que já supera as acentuadas desvalorizações registadas em Outubro de 1987 e que ficaram conhecidas como Black Monday.
Na Alemanha, as perdas sofridas pelo índice Dax no arranque da manhã de sexta-feira já chegaram perto de 5%, enquanto que em Espanha o Ibex caía 4%, o britânico deslizava 4,5% e, em Lisboa, o PSI-20 não evitava o contágio e perdia 3,8% (com praticamente todos os títulos a perderem entre 3% e 4%).
Os sectores do turismo e da aviação são os mais afectados nas bolsas europeias, com as notícias sobre cancelamentos de voos e de reservas turísticas a justificarem este comportamento, mas o sentimento negativo é dominante em praticamente todos os títulos.
Na Ásia, as bolsas fecharam entre as quedas de 3,7% do japonês Nikkei, de 3,6% do Kospi e de 2,6% do Hang Seng
Por seu turno, o preço do barril de petróleo Brent negociou perto dos 50 dólares pela primeira vez desde Dezembro de 2018, reflectindo os renovados receios de um abrandamento económico que trave o consumo de bens petrolíferos.