Sombrinhas, ratinhos e bombons de avelã
No centro de Viseu há um espaço transparente onde se fabrica (e embrulha) chocolates à moda antiga. “De outra forma os chocolates desapareceriam das prateleiras e da memória dos portugueses.”
Esta é “uma história muito comprida” que começou há 21 anos – ou até antes, com a memória dos chocolates portugueses embrulhados em papel de prata decorado. “Primeiro comprávamos os bombons às fábricas tradicionais portuguesas”, recorda à Fugas Manuela Soares, que em 1998 abriu uma loja de gomas e guloseimas com o marido Ilídio Oliveira, pasteleiro com o sonho de “fazer chocolates”.
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Esta é “uma história muito comprida” que começou há 21 anos – ou até antes, com a memória dos chocolates portugueses embrulhados em papel de prata decorado. “Primeiro comprávamos os bombons às fábricas tradicionais portuguesas”, recorda à Fugas Manuela Soares, que em 1998 abriu uma loja de gomas e guloseimas com o marido Ilídio Oliveira, pasteleiro com o sonho de “fazer chocolates”.
“Não queríamos deixar morrer as fábricas (como a portuense La Espanhola) que faziam as antigas sombrinhas, os cigarrinhos, os carrinhos, os ratinhos e os corações”, conta a fundadora do projecto, que, perante o declínio da produção artesanal nacional, adquiriu alguns moldes aqui e algumas máquinas ali.
“Trouxemos tudo para Viseu e começámos a fabricar. De outra forma os chocolates desapareceriam das prateleiras e da memória dos portugueses.” A Chocolateria Delícia abriu em 2007, materializando a paixão do casal pelo chocolate. “Começámos a fazer chocolates com os moldes originais que têm dezenas e dezenas de anos”, recorda Manuela, hoje com 70 variedades na vitrina (onde também vive uma chocolateira de cobre “com mais de cem anos"), 22 deles “residentes”, como o bombom de avelã, “adoptado por todos os clientes”. “Esse é daqueles que não podemos deixar de ter ou as pessoas fazem um motim”, brinca.
A avelã, que a Chocolateria Delícia compra directamente na Casa da Nespereira, é moída, transformada em creme e usada não só nos chocolates como também no bolo delícia de avelã – e no creme de barrar quase a ser lançado no mercado. É um dos produtos regionais que a Delícia procura adaptar no seu cardápio. Uma das suas “tentações surpreendentes” como é o caso da flor de sal, do vinho da casta Touriga Nacional, do espumante Pedra Cancela, do doce de ovos e do Queijo da Serra, produtos regionais que passam a fazer parte das receitas.
Manuela chama-lhes “referências de autor” que vieram diversificar a panóplia de produtos que a casa já tinha aperfeiçoado. “Acrescentamos inovação à tradição”, diz Manuela, que quer manter o “registo artesanal”, um “produto de excelência em pequenas quantidades”. Por ano, a Delícia transforma à volta de 15/20 toneladas de chocolate proveniente da Costa do Marfim e do Gana, os únicos países cujo chocolate cumpriu o chamado requisito “sombrinha” ("queríamos o sabor mais aproximado ao antigo sabor do chocolate das sombrinhas").
“No primeiro ano de produção já vendíamos para os Açores e exportávamos para os EUA, que absorviam a nossa produção. Agora estamos a abrir o nosso mercado para a Europa”. Há 21 anos a vender chocolates em Viseu e há 11 a fabricar, a Chocolateria Delícia, no centro de Viseu (Avenida Alberto Sampaio, número 10) é hoje uma montra para tudo o que produz graças a uma cozinha/fábrica transparente.