Mayra Andrade e Maria João nos 15 anos do Cantos na Maré na Galiza

Renovado em 2018, o Festival Cantos na Maré regressa a Pontevedra com mais de 20 concertos de artistas de 8 países. De 13 a 15 de Setembro, em vários espaços da cidade.

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Mayra Andrade DANIEL ROCHA

Desta vez chega mais cedo: o Festival Cantos na Maré, que em 2018 se realizou em Outubro, renovado e com um programa ambicioso, regressa à cidade galega de Pontevedra nos dias 13, 14 e 15 de Setembro com mais de 20 concertos de artistas de 8 países, onde se incluem, como habitualmente, vários nomes do universo dos países de língua portuguesa.  

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Desta vez chega mais cedo: o Festival Cantos na Maré, que em 2018 se realizou em Outubro, renovado e com um programa ambicioso, regressa à cidade galega de Pontevedra nos dias 13, 14 e 15 de Setembro com mais de 20 concertos de artistas de 8 países, onde se incluem, como habitualmente, vários nomes do universo dos países de língua portuguesa.  

O festival começa sexta-feira na Praça da Pedreira, pelas 19h, com uma sucessão de concertos que só terminará pela uma da madrugada. Primeiro com Laura LaMontagne, cantora, poeta e amadora do audiovisual galega cujo novo projecto aborda, segundo a organização do festival, “campos musicais diferentes, que oscilam entre a tradição galego-portuguesa das cantigas de amigo de Martín Codax, adaptações de Rosalía de Castro, Lorca, Pessoa e composições próprias, misturando idiomas, tradição e sons electrónicos.” Seguir-se-ão as cantoras Vivi Pozzebon (argentina, com uma “releitura sonora do mundo latino-americano”) e Bia Ferreira (brasileira de Minas Gerais, que conquistou o Brasil com Cota não é esmola, um canto de resistência anti-racista), antes de actuarem o galego DJ Mil e o rapper moçambicano Mohammed Yahya, num projecto “cheio de hip hop, afro soul, energia e positivismo.” O resto da noite será entregue à DJ galega Paula Docampo.

Sábado, na mesma praça, outra sucessão de concertos, antecedida de uma oficina de percussão para mulheres, às 12h30, com entrada livre (mas inscrição prévia), e, também com entrada livre, às 13h30, os espectáculos As Cantigas de Elena (projecto com melodias de Elena Alonso Pino, recolhidas por María Vidal, por Pichi Abollado e o pelo neto de Elena, Pipo Alvariño) e Cantos de Taberna. Dois projectos nascidos na Galiza.

Mayra, Martirio, Uxía, Ugia, Carmen

Os concertos de sábado na Praça da Pedreira começam às 19h30, com uma sessão de DJ seguida das apresentações de Livia Mattos (acordeonista brasileira, que mistura a música da Bahia com influências cosmopolitas e outras), Zeltia Irevire (cantora galega, num projecto em duo com Migui Carballido), Terra Fértil (um sexteto com músicos da Guiné-Bissau, Brasil, Galiza e Cuba, cruzando música de raiz e improvisação), Assa Matusse (jovem cantora moçambicana que acaba de publicar o seu primeiro disco, Eu), o grupo de reggae Brasil Dub (originário da cidade de Vila Velha, no estado do Espírito Santo) e o trio Napalma, “nascido da fusão entre as músicas e as culturas brasileiras e africanas.”

Sábado à noite (20h30), abrem-se as portas do Paço da Cultura para um espectáculo onde a cantora e compositora cabo-verdiana Mayra Andrade apresentará o seu mais recente disco, Manga, descrito no PÚBLICO por Gonçalo Frota, em Janeiro deste ano, como “um álbum em que se sintoniza com a produção africana de hoje e reivindica uma maior liberdade.”

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Enredadas: Martirio, Ugia Pedrera, Carmen París e Uxía DR

É também no Paço, mas no domingo (20h30), que o Festival Cantos na Maré encerrará, com o espectáculo Enredadas: Coplas e Alalás, onde se juntam as cantoras Martirio, Uxía, Ugia Pedrera e Carmen París (que também tocará piano), com as cordas de Marco Teira (guitarras) e Sergio Tannus (guitarra espanhola e viola caipira). Este grupo nasceu, diz a organização, com o fim de promover, fomentar e difundir a arte como encontro; estreitar o conhecimento e a experiência destas cantoras que revisitam a copla, a jota ou os alalás. Quatro mulheres que reinventaram e revolucionaram estes géneros e lhes deram nova vida e nova visão a partir do risco, da experimentação e criação de novos conteúdos e arranjos que entroncam no jazz e outras músicas, fazendo com que cheguem a outros públicos.”

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Maria João ALEXANDRE CABRITA

Coro da Mariña, Maria João e Clara Peya

Antes do encerramento, e também no domingo, haverá mais concertos. A Praça da Pedreira receberá o Coro da Mariña, da Galiza, um coral de 25 a 30 elementos dirigidos pelo bretão Pierrot Rougier e pela galega Ugia Pedrera. No seu repertório cruzam-se canções populares da Galiza com outras de autores como Silvio Rodriguez ou Luis Eduardo Aute. Às 13h30. Ainda na tarde de domingo, haverá no palco do Teatro Municipal dois concertos com ligações ao jazz: às 13h, a cantora portuguesa Maria João com o pianista Pablo Lapidusas, nascido na Argentina (Buenos Aires) mas com carreira desenvolvida a partir do Brasil. E às 18h a pianista e compositora catalã Clara Peya que, diz a sua biografia, “oscila entre a música de câmara, o jazz, a opo e a electrónica”, sempre com o piano por condutor.

A par da música, há várias outras actividades no contexto do festival: oficinas, ateliers, lançamento de livros (na Livraria Paz), artes de rua e cinema, onde poderão ver-se, no Museu de Pontevedra, sempre às 18h, os filmes Ruth, do português António Pinhão Botelho (dia 13) e Onde Está Você, João Gilberto?, do francês George Gachot (dia 14).

O Festival Cantos na Maré é uma produção da Nordesía, com apoio do governo regional galego (Xunta de Galicia) e a colaboração do Museu de Pontevedra, da Livraria Paz, da associação Maravallada e da Rede da Galilusofonia.