Estaleiro naval que construiu o Titanic entra em insolvência
Trabalhistas britânicos apelam à renacionalização de empresa histórica de Belfast, na Irlanda do Norte.
A Harland & Wolff, estaleiro naval de Belfast onde foi construído o Titanic, entrou em insolvência esta segunda-feira depois de a sua empresa proprietária norueguesa, que entrou com um pedido de falência em Junho, não ter conseguido encontrar um comprador e de ter sido recusada a nacionalização da companhia.
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A Harland & Wolff, estaleiro naval de Belfast onde foi construído o Titanic, entrou em insolvência esta segunda-feira depois de a sua empresa proprietária norueguesa, que entrou com um pedido de falência em Junho, não ter conseguido encontrar um comprador e de ter sido recusada a nacionalização da companhia.
O estaleiro, cujos gigantes guindastes amarelos dominam o horizonte da cidade norte-irlandesa, encontra-se desde a semana passada ocupado por trabalhadores receosos de perder os seus empregos, e que ameaçam agora impedir a entrada dos administradores liquidatários.
“A BDO [uma das maiores redes de contabilidade do mundo] foi nomeada como administradora e a empresa entrará em processo de insolvência amanhã”, disse um porta-voz da Harland &Wolff.
Inaugurada em 1861, a Harland & Wolff chegou a empregar mais de 30 mil trabalhadores no seu apogeu, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo ainda um poderoso símbolo da era em que Belfast foi um dos motores industriais do Império Britânico.
Em declínio há mais de meio século, a empresa empregava actualmente apenas 130 trabalhadores a tempo inteiro, especializando-se em projectos de engenharia naval e de energia.
“É um dia triste. Eu não sei o que vou fazer”, disse um trabalhador de 54 anos, com 38 anos de serviço na fábrica, mas que não se quis identificar.
John McDonnell, porta-voz do Partido Trabalhista britânico, visitou o estaleiro na segunda-feira e pediu que o Estado intervenha e renacionalize a Harland & Wolff. “Não seria difícil hoje para (o primeiro-ministro) Boris Johnson dizer que dará futuro a este jardim”, disse McDonnell. “Se fechar agora, perde-se o futuro”. No entanto, um porta-voz do Governo disse na semana passada que o destino do estaleiro, que pertenceu ao Estado entre 1975 e 1989, era uma questão meramente comercial.
Apesar de estar agora em risco a manutenção dos postos de trabalho, o processo de insolvência poderá não implicar o encerramento derradeiro do estaleiro, uma vez que grande parte das instalações pertencem ao Porto de Belfast. Parte do local foi entretanto vendida e abriga agora um museu dedicado ao Titanic, a maior embarcação flutuante do seu tempo, que naufragou na sua viagem inaugural, em 1912, resultando na morte de 1500 pessoas. No edifício para onde o navio foi projectado, foi inaugurado recentemente um hotel de quatro estrelas.