Vem aí a Melting Gastronomy Summit para “simplificar os nossos apetites”

Evento realiza-se no Edifício da Alfândega do Porto, em Novembro, e reúne mais de 30 oradores à volta da "mesa". “Andarmos todos a comer o mesmo não faz sentido nenhum.”

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Brooke Lark/Unsplash

O elogio da simplicidade. Tratará disso mesmo a Melting Gastronomy Summit, marcada para os dias 14, 15 e 16 de Novembro, no Edifício da Alfândega do Porto. Com mais de 30 oradores, a iniciativa da Agavi (Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinho, Produtos Regionais e Biodiversidade) pretende colocar o foco na “maravilha dos ingredientes” — e sem “essas complicações todas”, como resumiu Miguel Esteves Cardoso, um dos moderadores dos quatro painéis (Sensações, Sugestões, Consciência e Construção).

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O elogio da simplicidade. Tratará disso mesmo a Melting Gastronomy Summit, marcada para os dias 14, 15 e 16 de Novembro, no Edifício da Alfândega do Porto. Com mais de 30 oradores, a iniciativa da Agavi (Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinho, Produtos Regionais e Biodiversidade) pretende colocar o foco na “maravilha dos ingredientes” — e sem “essas complicações todas”, como resumiu Miguel Esteves Cardoso, um dos moderadores dos quatro painéis (Sensações, Sugestões, Consciência e Construção).

“Simplificar é a coisa mais difícil de fazer porque o resultado fica à vista. Mas em 2019 a regra é acrescentar, equilibrar, individualizar, contrabalançar, reinventar e outros palavrões que equivalem a complicar”, escreve Miguel Esteves Cardoso, “defensor de boa mesa, boa conversa, boas causas e grandes paixões”. A missão da Melting passa por “simplificar a nossa vida e os nossos apetites”. “É o nosso dever. E é a nossa maneira de mostrar gratidão à natureza.”

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Em pleno Mercado de Matosinhos, António de Souza-Cardoso, presidente da Agavi, fundada em 2010 e baseada no Porto, deixou claro o objectivo do evento. “Temos que mostrar o quão bom Portugal é”, disse. Mais, mostrar que os ingredientes podem “ajudar a transformar Portugal num país melhor”. Para isso, a Melting conta com quatro curadores (Miguel Esteves Cardoso, Ricardo Dias Felner, Nuno Queiroz Ribeiro e José Diogo Albuquerque) e com um leque de convidados que defendem com força a simplicidade.

“A comida é muito mais do que os chefs”, sublinhou à Fugas Ricardo Dias Felner, jornalista e escritor com o estranho hábito de levar tudo à boca. “Andarmos todos a comer o mesmo não faz sentido nenhum.” A gastronomia, defende, “só faz sentido se houver diferença”. “As pessoas não vão à Melting para imitar as pessoas que estão a ver no palco, mas para perceber que podem fazer de maneira diferente”, sugere, destacando a “forma desempoeirada”, o “humor” e o “prazer” com que Jay Rayner (a sua intervenção terá como base “Os dez Mandamentos da Cozinha"), crítico gastronómico do The Observer e do The Guardian, escreve sobre o que prova, e o discurso simples de Chad Robertson (falará sobre “O novo pão de antigamente"), co-fundador e chef da icónica Tartine Bakery, em São Francisco, no que ao pão diz respeito. “É um padeiro que é uma estrela mundial. Fez com que a massa mãe se tornasse uma coisa cool. E vem cá explicar o que é que se está a passar com o pão”, explica Felner, adepto dos receituários do pão alentejano, da broa de Avintes, da broa de milho e de centeio — que junta ao seu leque de convidados nomes como Diogo Amorim (Gleba), Paulo Sebastião (Isco) e Nuno Carvalho (A Padaria Portuguesa). E do “preservar de uma identidade”. “Há padeiras que vão morrer e que vão levar com elas maneiras de fazer pão. Estes padeiros adoram ir buscar essas raízes e tradições. Não olham para a modernidade com espanto.”

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“Há 15 anos não falávamos de comida como hoje”, lembra Nuno Queiroz Ribeiro, chef especialista em alimentação saudável e único chef português com uma distinção de mérito do Ministério da Saúde. “Estamos a regressar às origens na forma como consumimos”, diz o moderador que trará à conversa a australiana Lucy Legan (State of the art and what can we do?), co-fundadora do Ecocentro IPEC, bem como responsável pela criação dos jardins mágicos do Global Eclipse Gathering (EUA), dos festivais Rainbow Serpent e Earth Frequency (Austrália) e ainda no Boom Festival, onde desde 2006 supervisiona toda a equipa de gestão de resíduos, compostagem e reciclagem. 

A Melting Gastronomy Summit (download do programa aqui) inspira-se no sensacionismo, o último “ismo” criado por Fernando Pessoa, que se caracteriza por uma atitude cosmopolita de grande abertura — ao novo, ao antigo, ao nativo, ao estrangeiro — e por um contínuo esforço de renovação, por uma vontade de levar tudo mais longe. José Diogo Albuquerque, consultor e responsável pelo Agroportal, abre a discussão com Joana Maricato ("As tendências da alimentação, nutrição e saúde para 2020"), responsável de pesquisa de mercado da New Nutrition Business, empresa especializada em tendências de mercado e comportamento do consumidor, saltando depois para o chef João Rodrigues ("Do produtor para a mesa"). A Melting termina com a apresentação de André Chiang, conhecido pela sua “Octofilosofia” e proprietário do Raw Taipei (considerado o melhor restaurante em Taiwan), Bincho e Burnt Ends (ambos em Singapura), Porte 12 (Paris, França) e também ex-chef do restaurante Le Jardin des Sens com três estrelas Michelin, em França, e do ANDRÉ, em Singapura.