Meditação: cinco dicas para integrar a “higiene da mente” no dia-a-dia

Ao iniciar a prática da meditação, o interessado vai encontrando desafios, mas a recompensa é uma melhoria da qualidade de vida, garantem as especialistas.

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Meditação com Hannah Thantrey no hotel The Oitavos DR

A meditação é “como a higiene da mente”, declara Rute Caldeira, autora do livro O Poder da Meditação. A sua prática pode ajudar em caso de stress ou de ansiedade, por exemplo, aponta Vera Simões, professora de ioga e autora do livro Parar. Sentir. Respirar. A instrutora de meditação Hannah Thantrey reconhece que não é fácil introduzi-la num dia-a-dia preenchido, por isso, existem vários tipos de meditação.

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A meditação é “como a higiene da mente”, declara Rute Caldeira, autora do livro O Poder da Meditação. A sua prática pode ajudar em caso de stress ou de ansiedade, por exemplo, aponta Vera Simões, professora de ioga e autora do livro Parar. Sentir. Respirar. A instrutora de meditação Hannah Thantrey reconhece que não é fácil introduzi-la num dia-a-dia preenchido, por isso, existem vários tipos de meditação.

De acordo com o relatório Health at a Glance 2018, Portugal é o quinto país da União Europeia com maior prevalência de problemas de saúde mental. Segundo a professora de Ashtanga Yoga Vera Simões, a meditação “ensina-nos a estar presentes no momento” e a “enfrentar medos, inseguranças e acima de tudo a viver mais livres, livres connosco mesmos”.

A partir das conversas com Hannah Thantrey, Rute Caldeira e Vera Simões, o PÚBLICO delineia cinco propostas para ajudar à prática da meditação. 

Criar uma rotina
Assim como lavar os dentes ou praticar exercício físico, é importante criar uma rotina para que a meditação tenha realmente efeito. De acordo com Vera Simões, o ideal será meditar diariamente, mas se não for possível, é preciso definir em que dias e a que horas praticá-la. Por exemplo, “em vez de me levantar às 7h30 e andar a correr a preparar o pequeno-almoço das crianças, ou o que quer que seja, levanto-me meia hora mais cedo, vou para o meu canto e faço a minha meditação”, sugere.

Não desistir à primeira
Parar e recomeçar faz parte do processo de aprender a meditar. Isto porque atingir o nível de concentração necessário e controlar a respiração exige mais do que uma tentativa. Segundo as especialistas, meditar é fácil mas é provável que nas primeiras tentativas a pessoa encontre “obstáculos e desafios, mas a partir daí, dia após dia, vai adquirir maior calma, maior presença”, diz Vera Simões. Para Hannah Thantrey, instrutora de meditação no hotel The Oitavos, em Cascais, “desde que haja a possibilidade de notar as distracções não só como parte da prática, mas com um ligeiro sorriso, voltando ao foco, está tudo bem”. Ou seja, não basta a pessoa sentar-se e fechar os olhos para entrar em estado meditativo, é preciso aprender a “acalmar a actividade mental para depois começar a meditar”, recomenda Rute Caldeira. 

Falta de tempo não é desculpa
A instrutora de meditação Hannah Thantrey conta que um dos seus professores afirmava: “Todos dizemos ‘dá-me só uns dez minutos para me arranjar’, mas ninguém diz “'dá-me só uns dez minutos para meditar'”. De facto, integrar uma actividade não prioritária na correria do dia-a-dia pode ser complicado, mas na realidade podemos meditar “quando repousamos o corpo para dormir ou mesmo naqueles cinco ou dez minutos em que não nos levantamos de imediato. Mesmo que sejam só cinco minutos, notamos diferença”, afiança Rute Caldeira. Apesar de não ser o ideal, é melhor meditar durante pouco tempo do que continuar a “vivenciar mais cansaço, exaustão, quebra de energia, irritabilidade, confusão mental e uma série de outros problemas que são cada vez mais frequentes” na actualidade, afirma a professora de Ashtanga Yoga, Vera Simões. 

Descubra o tipo de meditação ideal
Há vários tipos de meditação e várias formas de a fazer. “Algumas meditações não vão funcionar com a pessoa A, mas podem funcionar maravilhosamente com a pessoa B”, aponta Vera Simões. A prática que ensina, o Ashtanga Yogaé dinâmica e tem como objectivo atingir a meditação em movimento. “Com o movimento é mais fácil as pessoas começarem a conectarem-se consigo mesmas, com a sua respiração, com o seu corpo, para depois irem acalmando a cabeça e com isso tornarem-se mais focadas. Quando for a altura de se sentarem, já adquiriram instrumentos para o conseguir fazer”, explica. O tipo de meditação que Hannah Thantrey pratica e partilha está na base a tradição Theravada Budista – o mindfulness. Esta é também uma prática dinâmica e utiliza “a respiração e o corpo como âncoras”, explica a instrutora. O truque é experimentar várias e descobrir qual é a mais indicada. 

Apps e livros para quem não tem tempo para aulas
As aplicações para smartphones têm-se revelado um recurso útil e acessível para os iniciantes na prática da meditação. Apps como Headspace e Calm são duas das ofertas mais conhecidas. Vera Simões acredita que o contacto com um professor é sempre mais especial, mas reconhece as vantagens deste recurso para “inspirar a começar a fazer algo, a começar a sentar, a começar a trabalhar e aprender a estar em silêncio, a cultivar o foco e a concentração”, tudo mais-valias para a qualidade de vida, diz. 

O conselho de Rute Caldeira para quem nunca meditou é começar por “pesquisar algum livro ou ver alguns vídeos no YouTube, para que as pessoas percebam que há técnicas que nos levam a esse estado – de respiração, de concentração – e isso é fundamental”, assegura. 

Na opinião de Hannah Thantrey, “as gravações com meditações guiadas também são muito úteis, no entanto, a possibilidade de reunir com a Sangha [comunidade praticante] permite uma entrega mais profunda”.