O que se sabe sobre a tragédia no Seixal
A Polícia Judiciária continua a tentar desvendar as questões que faltam saber sobre o homicídio de Helena Cabrita e Lara, a criança de dois anos que foi encontrada sem vida no interior de um carro, no Seixal.
O homicídio de Helena Cabrita, de 60 anos, e de Lara, a criança de dois anos que foi encontrada sem vida dentro de um carro num parque de estacionamento junto à Escola João de Barros, em Corroios, continua a levantar muitas questões.
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O homicídio de Helena Cabrita, de 60 anos, e de Lara, a criança de dois anos que foi encontrada sem vida dentro de um carro num parque de estacionamento junto à Escola João de Barros, em Corroios, continua a levantar muitas questões.
Pedro Henriques, de 36 anos, é o alegado autor dos crimes que vitimaram a sogra e a filha de dois anos, depois de ter passado 24 horas desaparecido com a filha. O corpo do suspeito foi encontrado durante a manhã desta terça-feira, a mais de 200 quilómetros do sítio onde se acredita ter cometido o primeiro crime, em Castanheira de Pêra, localidade de que era natural. Os indícios no local apontam para que se tenha tratado de suicídio com arma de fogo.
Das conversas que se ouviam na rua, os vizinhos contam sempre a mesma história: Pedro Henriques e a ex-companheira tinham uma relação conturbada, apesar de já não estarem juntos há cerca de dois anos, desde o nascimento da filha. Nos últimos tempos, as ameaças eram constantes.
Desde o início do ano, nove mulheres morreram vítimas de crimes relacionados com violência doméstica.
O que se sabe até ao momento
Segunda-feira
Ainda de madrugada, Pedro Henriques ter-se-á dirigido à pastelaria dos sogros, onde terá ameaçado o pai da ex-companheira. Alguns vizinhos acreditam que o suspeito teria a filha no carro. Depois de sair do café, não se sabe para onde terá ido, mas há testemunhas que afirmam terem visto a criança no banco da frente do carro.
Mais tarde, ao início da manhã, o suspeito terá ido até casa da sogra, a quem deveria ter deixado a filha. A avó da criança terá sido morta pelo ex-companheiro da filha. A senhora de 60 anos não resistiu aos golpes de faca desferidos no peito.
Nessa manhã, estava marcada para as 10h uma audiência no Tribunal de Família e Menores do Seixal, para regular as responsabilidades parentais em relação à bebé. Os pais da criança estavam em desacordo quanto ao tempo que cada um passava com a menina. A mãe pretendia ficar com a guarda total da filha.
Terça-feira
Às 8h25, uma chamada efectuada para o Instituto Nacional de Emergência Médica dava conta da localização do carro onde estaria a criança. De acordo com a agência Lusa, fonte do INEM confirmou a recepção da chamada, tendo sido feita pelo “presumível pai”.
Num parque de estacionamento de terra batida junto à Escola João de Barros, em Corroios, as autoridades cercaram o local onde foi encontrado o Peugeot 206 preto e, lá dentro, o corpo de Lara. Até ao início da tarde, o perímetro esteve vedado, permitindo-se apenas a saída de viaturas lá estacionadas.
Com o avançar da manhã, pelas 10h, chegou a confirmação de que Pedro Henriques fora encontrado sem vida a mais de 200 quilómetros, em Castanheira de Pêra, localidade de onde era natural. Acredita-se que se tenha tratado de um suicídio com arma de fogo.
A mãe da criança, depois de saber do sucedido, escondeu-se num banco, com medo de represálias por parte do ex-companheiro. Só quando a GNR foi chamada ao local é que a mãe da criança soube que o pai estava morto.
A ex-companheira do alegado homicida já tinha apresentado queixa contra o pai da menina em 2017. O caso foi registado pela PSP como violência doméstica, confirma fonte policial. À altura, a autoridade classificou o processo como de "risco elevado" e foi atribuído um plano de segurança à vítima. A PSP chegou a solicitar ao Ministério Público que Pedro Henriques fosse impedido de contactar com a ex-companheira e proibido de permanecer na mesma habitação.
O caso, contudo, foi tratado pelo MP como crime de coacção e ameaça. A PGR informou que o inquérito foi arquivado por desistência de queixa da ofendida. O Ministério Público não esclarece por que razão não estava o processo classificado como violência doméstica. Com Aline Flor