Frente Comum acusa Governo de violar direito à progressão no Estado
Estrutura da CGTP está a recolher postais de trabalhadores prejudicados pela solução encontrada pelo Governo e vai entregá-los ao primeiro-ministro.
A Frente Comum acusou nesta segunda-feira o Governo de violar o direito à progressão dos funcionários públicos, por não lhes permitir manter os pontos da avaliação e progredir a partir da nova base da carreira. A posição foi assumida numa conferência de imprensa convocada para a estrutura se pronunciar sobre o decreto-lei que coloca a remuneração base na Administração Pública nos 635,07 euros.
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A Frente Comum acusou nesta segunda-feira o Governo de violar o direito à progressão dos funcionários públicos, por não lhes permitir manter os pontos da avaliação e progredir a partir da nova base da carreira. A posição foi assumida numa conferência de imprensa convocada para a estrutura se pronunciar sobre o decreto-lei que coloca a remuneração base na Administração Pública nos 635,07 euros.
Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, disse não estar contra o aumento para 635,07 euros do salário base da função pública, mas contra a perda dos pontos da avaliação de desempenho que dariam direito às progressões na carreira.
A sindicalista considera “uma falácia” o Governo anunciar um gasto de 50 milhões de euros com o aumento da remuneração base, uma vez que este aumento é obrigatório face à subida do salário mínimo nacional.
“Eles [os membros do Governo] sabiam que tinham de gastar aquele dinheiro [os 50 milhões de euros]", afirmou, acusando o executivo de “andar a fazer uma campanha com os 50 milhões quando sabiam que os tinham de gastar”.
Ana Avoila acusou ainda o Executivo de “poupar à custa da carreira dos trabalhadores”, referindo-se aos que perdem os pontos que lhes iam permitir progredir na carreira, trabalhadores a quem, segundo a sindicalista, o “Governo rouba tempo de serviço”.
A Frente Comum anunciou ainda estar a recolher postais assinados por trabalhadores prejudicados com o novo regime de remuneração base na Administração Pública para os entregar, no final deste mês, ao primeiro-ministro, António Costa, e aos órgãos representativos.
Até ao final da legislatura, garantiu Ana Avoila, os protestos “não vão abrandar”, apelando à participação dos trabalhadores na greve marcada para o próximo dia 15.
“A Frente Comum exige que seja garantido a todos os trabalhadores que passem para a posição remuneratória dos 635,07 euros a contagem do tempo de serviço e o direito à progressão”, disse a sindicalista.
A Frente Comum de Sindicatos da CGTP quer ainda que o Governo proceda à actualização salarial anual “para todos os trabalhadores” e faça a revisão da tabela remuneratória única “garantindo a proporcionalidade entre os vários níveis remuneratórios”.
Ana Avoila referiu também “estar curiosa” sobre a posição que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai assumir (se o veta ou promulga) perante o decreto-lei aprovado a 24 de Janeiro pelo Conselho de Ministros.
A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) já tinha também criticado o diploma, considerando-o "um embuste, uma engenharia jurídica e financeira que irá beneficiar poucos trabalhadores". Esta estrutura também convocou greve para dia 15 e no dia 14 tem marcada uma concentração em frente ao Ministério das Finanças.