Tiroteio no centro de Estrasburgo faz pelo menos três mortos
Um tiroteio perto de mercado de Natal de Estrasburgo, no nordeste de França, causou esta terça-feira pelo menos três mortos e 12 feridos. O presumível atirador, um homem de 29 anos que já estava referenciado pelas autoridades, ainda não foi capturado.
Pelo menos três pessoas morreram e 12 pessoas ficaram feridas esta terça-feira num ataque a tiro no centro de Estrasburgo, no nordeste de França, na fronteira com a Alemanha. O incidente está a ser investigado como um possível atentado terrorista. Para o mayor da cidade, "o que aconteceu foi sem dúvida um atentado terrorista". O número de vítimas mortais foi mudando ao longo das últimas 24 horas, mas esta quinta-feira o balanço mais recente dava conta de três mortes.
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Pelo menos três pessoas morreram e 12 pessoas ficaram feridas esta terça-feira num ataque a tiro no centro de Estrasburgo, no nordeste de França, na fronteira com a Alemanha. O incidente está a ser investigado como um possível atentado terrorista. Para o mayor da cidade, "o que aconteceu foi sem dúvida um atentado terrorista". O número de vítimas mortais foi mudando ao longo das últimas 24 horas, mas esta quinta-feira o balanço mais recente dava conta de três mortes.
Entre os feridos graves está um jornalista italiano de 28 anos, que estava em Estrasburgo para cobrir um plenário do Parlamento Europeu.
O presumível autor, Chérif Chekatt, um francês de 29 anos nascido na cidade, já estava referenciado pelas autoridades. O atirador abriu fogo em três locais diferentes no centro da cidade, nas imediações do popular mercado de Natal de Estrasburgo, frequentado anualmente por dois milhões de turistas.
O suspeito gritou "Allahu Akbar" durante o ataque, informou o procurador-geral de Paris, Remy Heitz. "Considerando o seu alvo e a sua estratégia de ataque, o seu perfil e os testemunhos daqueles que o ouviram gritar 'Allahu Akbar', a brigada anti-terrorista foi chamada à investigação", acrescentou Heitz, escreve a Reuters esta quarta-feira.
O suspeito, cuja residência já tinha sido alvo de buscas policiais na manhã de terça-feira, antes do ataque, encontra-se em fuga. Durante a noite, a Reuters chegou a noticiar que se encontraria cercado pelas forças da autoridade, mas cerca das 3h locais (menos uma hora em Portugal continental), o paradeiro do indivíduo permanecia incerto.
Segundo o jornal francês Le Figaro, Chéruf é um criminoso comum com pelo menos 27 furtos no cadastro, que incluem crimes em França, Alemanha e Suíça. Estaria a ser investigado por suspeita de envolvimento num roubo com tentativa de homicídio, e esse terá sido o motivo que levou a polícia a sua casa, onde acabariam por ser encontradas granadas. O suspeito, esse, não se encontrava no local. Mais tarde, então, terá sido o autor do ataque no centro da cidade.
Após o tiroteio desta noite, a polícia isolou o local e foi acompanhada por militares armados na rua. A unidade antiterrorista da polícia francesa liderava na noite de terça-feira uma vasta operação de segurança e a principal linha de investigação para as autoridades era a de um atentado. A população era aconselhada a permanecer em casa.
O SITE Intelligence Group, uma organização privada que monitoriza a actividade online de grupos extremistas, indica que o tiroteio foi celebrado em canais virtuais afectos ao Daesh, noticia a Reuters. Contudo, o ataque não foi reivindicado por nenhum grupo.
Eurodeputados fechados até às 2h
Para além de restaurantes, hotéis e pavilhões desportivos, entre os locais encerrados na noite de terça-feira por motivos de segurança esteve o Parlamento Europeu (PE). No seu interior permaneceram até às 2h locais muitos eurodeputados, incluindo os portugueses Carlos Coelho e Ana Gomes. Inicialmente, os serviços do PE enviaram um alerta de segurança interno por email, a que o PÚBLICO teve acesso, que alertava inicialmente para a possibilidade de "vários ataques armados em paralelo no centro da cidade". Esta informação não se confirmou mas, numa segunda mensagem, o PE apelava aos eurodeputados e aos funcionários da instituição para permanecerem em casa ou nos seus escritórios, "afastados das janelas".
O Presidente francês Emmanuel Macron, que esteve a acompanhar a situação, enviou para Estrasburgo o seu ministro do Interior, Christophe Castaner. Foi o governante que revelou que o presumível atirador já era conhecido pelos serviços de segurança, e que integrava uma lista de 26.000 indivíduos considerados de risco para a segurança pública — 10.000 dos quais sob suspeita de radicalização islâmica.
A imprensa francesa afirma que o suspeito terá fugido do centro da cidade, que ao final da noite continuava contudo a ser palco de buscas. As saídas de Estrasburgo também se encontravam fortemente vigiadas, bem como a fronteira com a Alemanha. O Governo francês elevou o nível de alerta em todo o país, com especial atenção para os tradicionais mercados de Natal e outros eventos públicos.
Medidas excepcionais não evitaram ataque
O mercado de Natal de Estrasburgo encontrava-se já sob segurança apertada: não era autorizada a circulação de veículos nas ruas próximas ao mercado, de forma a evitar um ataque como o ocorrido em Nice em Julho de 2016, e foram instalados postos de controlo onde os sacos e as malas dos visitantes eram sujeitos a revista. Deverá permanecer encerrado durante, pelo menos, o dia de quarta-feira. De igual modo, espectáculos culturais e desportivos serão suspensos em toda a cidade.
França continua sob ameaça terrorista desde 2015, ano em que se iniciou uma vaga de atentados atribuídos a islamistas radicais. No entanto, ainda não é claro se o incidente desta terça-feira está relacionado com movimentos extremistas.
A 14 de Julho de 2016, um camião de 19 toneladas foi lançado contra uma multidão que assistia aos festejos do dia da Bastilha em Nice. O ataque no Passeio dos Ingleses fez 84 mortos. Meses antes, em Novembro de 2015, mais de 130 pessoas morreram numa série de ataques coordenados em Paris.
Marcelo enviou condolências a Macron
Esta noite, e através de uma nota publicada no site, a Presidência da República informou que Marcelo Rebelo de Sousa manifestou solidariedade ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron. De acordo com a nota, o Presidente "expressou ainda a fraternal amizade de Portugal para com a França neste momento difícil, vincando o mais firme repúdio por este episódio de violência, e sublinhando a importância da unidade europeia na defesa dos valores que unem as sociedades livres e democráticas".
À SIC Notícias, o Presidente da República considerou que França tem sofrido ataques “inadmissíveis e condenáveis", que "representam o contrário dos valores que defendemos”.
Jean-Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, condenou o ataque em Estrasburgo no Twitter. “Os meus pêsames estão com as vítimas do tiroteio, que condeno com grande firmeza”, escreve. "Estrasburgo é, por excelência, uma cidade símbolo da paz e da democracia europeias, que defenderemos sempre. A Comissão está ao lado de França", acrescentou Juncker.
Theresa May, primeira-ministra britânica, escreveu no Twitter estar "chocada e entristecida pelo terrível ataque em Estrasburgo". "Os meus pêsames para todos os afectados e o povo francês", acrescentou.