Pamela Anderson com os "coletes amarelos". Contra a “violência estrutural” das elites

A actriz e modelo tomou a palavra para criticar Macron e apoiar os manifestantes. O activismo é o outro lado da cara conhecida de Baywatch.

Foto
REUTERS

A luta dos “coletes amarelos” em França ganhou uma nova, mas não totalmente inesperada, aliada: Pamela Anderson. Esta semana, a actriz e modelo canadiana escreveu um texto e alguns tweets que surpreenderam os que não seguem o seu papel de activista.

"Comprar um carro novo não é, provavelmente, uma grande coisa para o Presidente Macron e seus ministros, mas é muito difícil para muitos cidadãos franceses que estão financeiramente sobrecarregados. Muitos cidadãos com menos condições financeiras não poderão trabalhar se não existir nenhum transporte público fiável no local. Muitos idosos não poderão ir às compras ou ao médico”, escreveu Pamela no site Pamela Anderson Foundation.

"Vários meios de comunicação social vêem os 'coletes amarelos' como criminosos que causam destruição. Eu vejo as forças de destruição no outro lado", defende. "Eu sou pacifista, prometo, desprezo a violência", prossegue, "mas também sei que quando os protestos fazem uso da violência muitas vezes a culpa é do Estado que falhou e impediu que os cidadãos fossem ouvidos".

Pamela Anderson incentiva quem a lê a parar de se deixar hipnotizar pelas imagens de caos nas ruas de Paris e perguntar a si mesmo: de onde veio este movimento?

A activista contrapõe aos actos de violência, como queimar carros luxuosos, a "violência estrutural" das elites francesas e globais exercida sobre os cidadãos das classes mais baixas.

"Quando alguns manifestantes destroem carros e queimam lojas estão a atacar simbolicamente a propriedade privada que é a base do capitalismo. Quando atacam agentes da polícia, estão a rejeitar e a desafiar as forças repressivas do estado", concluiu.

A activista sex symbol

Não é a primeira vez que Pamela Anderson se associa a movimentos activistas: há vários anos que protesta contra o uso de peles na indústria da moda e luta contra a extinção de certas espécies de animais. A modelo já foi mais do que uma vez a cara de campanhas da PETA, a mais recente para salvar as focas.

Vegetariana há vários anos, a actriz de Baywatch está associada a mais de 20 associações que lutam por várias causas, como a PETA, a Rights 4 Girls, a Oceanic Preservation Society e plataformas de ajuda a refugiados. Fala publicamente sobre estes e outros temas no Twitter e através da Pamela Anderson Foundation, plataforma que já recebeu vários prémios internacionais.

Foi por estes meios que se pronunciou sobre o movimento que contesta a perda de poder de compra e o aumento dos impostos dos combustíveis em França, que vê como o seu país adoptivo – depois da participação na versão francesa do programa Dancing with the Stars e da sua alegada relação com o futebolista do Marselha Adil Rami.

Na quarta-feira, Pamela Anderson disse na sua plataforma que estava contente por ver que os seus comentários sobre os "coletes amarelos" geraram reacções nos média (do Guardian ao Huffington Post) e nas redes sociais.

A "Blue Zone Girl"

Pamela Anderson foi descoberta aos 20 anos quando assistia a um jogo de futebol no Canadá, onde nasceu: uma das câmaras que filmam a audiência deu-lhe destaque num grande plano. Poucos segundos de fama bastaram para que ficasse conhecida como a "The Blue Zone Girl", culpa da t-shirt da marca de cerveja canadiana Labatt que usava nesse dia, e fosse chamada para ser o rosto da campanha de uma marca de lingerie e, mais tarde, da própria marca de cerveja. 

Até ser capa da Playboy em 1990, trabalho que fez explodir a sua carreira, foram dois passos. Pouco depois, estreava-se no pequeno ecrã como C. J. Parker, uma das personagens mais populares da série Baywatch, sobre um grupo de nadadores-salvadores que patrulham as praias movimentadas de Los Angeles, na Califórnia. 

Nos anos que se seguiram, foram várias as vezes em que Pamela e Tommy Lee, baterista dos Mötley Crüe com quem casou em 1995, foram capa de tablóides, que retratavam um casamento repleto de violência conjugal e expunham a relação difícil de Lee com as drogas. Durante a relação do casal, um dos seus empregados revelou um vídeo íntimo que encontrou na casa de Pamela e Tommy. O vídeo, com cenas de sexo explícitas, circulou na Internet durante vários anos.

Entre vários casamentos e respectivas separações, um striptease na festa de aniversário de 82 anos de Hugh Hefner, dono da Playboy, e mais 13 capas da revista masculina, entres elas a última capa de sempre da edição americana, Pamela foi realizando mais alguns trabalhos como modelo e actriz. Mais recentemente, em 2009, destacou-se na área da moda, quando se tornou a cara da marca da estilista Vivienne Westwood.