Oito sítios a não perder na Berlim "verde"

De um restaurante vegetariano com estrela Michelin até ao português pastel de nada, há. na capital alemã, muitas opções para quem não come carne ou peixe.

Foto
DR

Cookies Cream

No restaurante berlinense que, com a sua cozinha vegetariana/vegan, conquistou uma estrela Michelin, pode-se escolher entre um menu de quatro pratos (59 euros) ou de três (49 euros), com a possibilidade ainda de optar por um pairing de bebidas alcoólicas ou não-alcoólicas. No caso dos vinhos, o trabalho do sommelier Kevin Leismann permite escolher vinhos mais conhecidos ou descobrir produtores de nicho e projectos diferentes, incluindo vinhos naturais e biodinâmicos.

Os pratos – vegan ou só vegetarianos – colocam os vegetais no centro: alho francês com sésamo negro e rábano picante, por exemplo; puré de milho com coentros, cebolas, pimenta e malagueta; ou ainda os deliciosos dumplings de parmesão com molho de trufa de Perigord com espinafres, pinhões e cebolinho.

Behrenstr. nº 55 (Mitte, não é fácil de encontrar, quanto a direcções, o site diz simplesmente “quando pensar que está perdido, está no sítio certo”)

Tel.: 49 (0)30 2749 2940
cream@cookies.ch

Häppies

A austríaca Ulli Marschner apaixonou-se por dumplings, viajou por toda a Ásia para conhecer diferentes tipos e, no final, criou os Häppies, baos (pãezinhos cozidos ao vapor) recheados de muitas formas, cada um inspirado numa pessoa da sua vida e também em memórias austríacas como o germknödel, um doce da sua infância, com canela, açúcar e cardamomo.

O espaço, muito pequeno, situado em Prenzlauer Berg (e que é uma das paragens da tour gastronómica Fork & Talk) resulta de uma campanha de crowdfunding e quando o visitamos tem tantos clientes que Ulli mal tem tempo para conversar connosco.

Foto
Um dos Häppies doces dr

O que vale é que Dov Selby, o guia e fundador da Fork & Talk, sabe tudo sobre os Häppies e vai explicando que um é inspirado na avó Bärbel, outro em Matthias, que é um dos co-financiadores do projecto, outro foi criado pela chef Sophia Hoffmann, outro ainda foi baptizado como Netti, a irmã de Ulli. Os sabores vão do mais subtil ao picante e intenso e terminam nos dois Häppies doces. Nem tudo é vegan, mas são vegetarianos e vale a pena conhecê-los.

Dunckerstr, 85 (Prenzlauer Berg)

Tel: +49 (0)151 14984140

uli@haeppies.de

www.haeppies.de

Tribeca

Gelados “à base de plantas” - é esta a proposta do Tribeca, um projecto de dois irmãos, Klaus e Frank Zinsmeister, que tem desde o ano passado um espaço em Prenzlauer Berg, depois de ter passado por fases mais experimentais na Berlin Food Week, por exemplo, ou à venda noutros espaços. Também faz parte da tour do Fork & Walk, por isso é com Dov Selby que o visitamos.

O nome tem uma explicação fácil: foi durante o período que passou em Tribeca, Nova Iorque, que Klaus Zinsmeister teve a ideia de criar gelados com as chamadas superfoods, desde o cacau cru ao açaí, passando pelas sementes de chia, raiz de maca ou moringa (acácia-brava). Todos os gelados são feitos com óleo de coco, não têm glúten, nem açúcar refinado nem soja. Como alternativa ao açúcar, os irmãos Zinsmeister usam agave ou açúcar de arroz e para dar cremosidade aos gelados apostam no leite de aveia ou de amêndoas. Os ingredientes são trabalhados a uma temperatura que não ultrapassa os 40 graus para manter o lado raw.

Rykestr, 40 (Prenzlauer Berg)

contact@tribecaicecream.com

Fork & Walk – Tel.: +49(0)1739297290

info@forkandwalktoursberlin.com

www.forkandwalktoursberlin.com

Há várias tours gastronómicas (ver site), a de Berlin Vegan custa 32 euros por pessoa

Currywurst

Não há comida de rua mais popular em Berlim que o currywurst, a salsicha de carne de porco com tomate e pó de caril. E também é difícil pensar num prato menos vegetariano. Mas isso não foi impedimento para que a onda vegan/vegetariana chegasse também ao currywurst. Dov Selby leva-nos ao Ziervogel’s Kult-Curry para provarmos a opção vegetariana que este local muito tradicional criou. Feita com seitan, tem exactamente o aspecto da salsicha do currywurst e os mesmos temperos. Só não há porco.

A paragem é também pretexto para Dov contar a história da origem do currywurst, que começou no início do século XX com uma mulher chamada Herta Heuwer. Nascida em 1913 em Königsberg, acabaria por se mudar para Berlim, onde abriu um espaço de fast-food (um imbiss). Em 1949, conheceu um soldado inglês que lhe deu ketchup e pó de caril, com os quais ela criou a receita que se tornaria famosa, com uma salsicha que é primeiro cozida e depois frita. Conta-se que em Charlottenburg, onde trabalhava, chegou a vender 10 mil currywurst por semana. Trabalhou até 1974. Segundo Dov, hoje vendem-se na Alemanha 133 currywurst por minuto e 800 milhões por ano. E agora alguns destes já são vegan.

Foto
dr

Ziervogel’s Kult-Curry

Schönhauser Allee, 20 (Prenzlauer Berg)

www.Kult-Curry.de

Pastel de Nada

No meio do mercado Markthalle Neun, numa das quintas-feiras dedicadas à comida de rua, encontramos Inês num pequeno espaço móvel a vender pastéis de nata e outros bolos facilmente reconhecíveis da pastelaria portuguesa. É o carrinho da Bekarei, projecto da portuguesa Paula Gouveia, e do marido, o grego George Andreadis.

O Bekarei abriu em 2006 e em 2014 o casal inaugurou o Pastel, que tem como estrela principal o pastel de nata. Mas, precisamente porque, explica Paula, o número de vegans está a crescer e queriam dar-lhes oportunidade de experimentar o mais famoso doce português, criaram o Pastel de Nada, juntando assim duas tendências muito fortes neste momento em Berlim: o veganismo e o interesse por Portugal.

“Encontramos imensas pessoas vegan felicíssimas por finalmente poderem provar o Pastel de Nada”, conta Paula, admitindo que existe também a vertente contrária, pessoas “com aversão ao vegan” e a ideia de que seria “pouco ou nada delicioso”. Depois de muitos testes, George conseguiu um Pastel de Nada que é surpreendentemente semelhante ao clássico pastel de nata, e no qual a farinha de tremoço é o ingrediente que substitui o ovo. Na massa folhada, usam margarina e o leite de coco e arroz é o substituto do leite de vaca, levando ainda cardamomo.

Foto
George e Paula, os criadores do Pastel de Nada dr

Pastel

Wrangelstr, 44 (Kreuzberg)

Tel.: +49 (0)30 54978129

Bekarei.com

Brammibal’s Donuts

Este é um café especializado em donuts artesanais com coberturas diferentes e que não só são bonitos e deliciosos, mas são também vegan. A loja abriu em 2016, depois de um ano em que os Brammibal’s Donuts fizeram sucesso em várias feiras de comida.

Maybachufer, 8 (Kreuzberg)

www.brammibalsdonuts.com

Dings Dums Dumplings

Não é um espaço exclusivamente vegan ou vegetariano, embora tenha opções vegetarianas, mas é um projecto que vale a pena conhecer. A ideia, que partiu de três amigos, Mauritz, Anna e Jilianne, tem como objectivo principal combater o desperdício de alimentos. Para isso, têm acordos com supermercados que lhes permitem comprar os produtos quando estes já estão próximos do final do prazo, prepará-los, rechear com eles os dumplings variados que aqui se servem e congelá-los até à hora de os servir, prolongando assim em quatro meses o tempo de vida útil de alimentos que, de outra forma, seriam deitados fora.

Wienerstr, 34 (Kreuzberg)

dingsbums@dingsdums.de

Markthalle Neun

Quinta-feira é o dia da Street Food Thursday neste velhinho mercado de Berlim (fundado em 1891) e que resistiu a muito, incluindo a guerra, para hoje ser uma referência para os foodies da cidade. Há comida indiana “progressiva” a partir de receitas familiares ao lado de tapas espanholas, de queijos e charcutaria francesa, de uma tapiocaria brasileira, dumplings chineses, comida de rua do Nepal, cozinha marroquina, especialidades do Gana, panquecas injera da Eritreia ou empadas argentinas. Muito do que aqui se encontra é vegetariano ou vegan, mas a visita vale sobretudo pela enorme variedade de sabores diferentes de países de todo o mundo que aqui se podem descobrir.

Foto
Nelson Garrido

Eisenbahnsts, 42/43

info@markthalleneun.de

Tel.: + 49(0)3061073473