Ministério do Ambiente diz que recomendações sobre a serra de Sintra foram aplicadas

Um incêndio que deflarou neste sábado à noite destruiu 600 hectares do Parque Natural Sintra-Cascais. Peritos europeus já tinham lertado situação de perigo.

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Incêndio destruiu 600 hectares Reuters/PEDRO NUNES

O Ministério do Ambiente garantiu nesta segunda-feira que muitas das recomendações feitas este ano por peritos europeus que analisaram a Serra de Sintra e avaliaram o risco de incêndio foram aplicadas, dando como exemplo a gestão de combustíveis.

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O Ministério do Ambiente garantiu nesta segunda-feira que muitas das recomendações feitas este ano por peritos europeus que analisaram a Serra de Sintra e avaliaram o risco de incêndio foram aplicadas, dando como exemplo a gestão de combustíveis.

Na edição desta segunda-feira, o PÚBLICO noticiou que o Governo “está alertado [por estes peritos] pelo menos desde Maio passado para o elevado risco de incêndio no Parque Natural Sintra-Cascais”, mas não conseguiu obter respostas do executivo sobre se foram tomadas medidas para reduzir o perigo.

Em resposta à Lusa, o Ministério do Ambiente indicou que, "relativamente ao trabalho desenvolvido com os peritos da Comissão Europeia, muitas das recomendações foram efectuadas no presente ano, nomeadamente a gestão de combustíveis nalguns pontos estratégicos, o programas aldeias seguras, as rotas de fuga e os exercícios de simulação”. O ministério garantiu também que na sequência do relatório dos peritos, a identificação daquela zona como área crítica "já tinha sido avançada na priorização das acções a desenvolver".

Entre as medidas tomadas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na Serra de Sintra e em Cascais, a tutela destaca a "beneficiação de 25 quilómetros de rede viária florestal", a gestão de combustível em vários quilómetros junto a estradas e a "gestão de combustível vegetal em mosaicos e na rede secundária, num total de 63 hectares".

"Até ao momento já foi realizada em cerca de 41 hectares, tendo os trabalhos sido suspensos durante a época crítica, devendo ser retomadas a partir de 15 de Outubro. Os mosaicos de gestão de combustível foram realizados na área gerida pelo ICNF (Perímetro Florestal de Serra de Sintra, nos locais considerados estratégicos por peritos estrangeiros) ", acrescenta a resposta.

O Ministério do Ambiente indica também que está igualmente prevista "a realização de mais 32 quilómetros de gestão de combustíveis em zonas privadas".

Além das acções realizadas, acrescenta, "em 2017 foi estabelecido um protocolo entre o ICNF e Parques Sintra Montes da Lua, para gestão dos Perímetros Florestais da Serra de Sintra e da Penha Longa".

Diz ainda que já se concretizou com a Câmara Municipal de Cascais um protocolo de gestão para a área do perímetro florestal da Peninha e que está igualmente "em fase final o estabelecimento de igual protocolo entre o ICNF e a autarquia para gestão de outros perímetros florestais (concelho de Cascais) ".

Um incêndio que deflagrou neste sábado à noite na zona da Peninha, na serra de Sintra, destruiu 600 hectares de floresta e mato e obrigou a retirar cerca de 300 pessoas do parque de campismo de Cascais e outras 47 de suas casas.

Espécies autóctones

O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, informou que os trabalhos de rescaldo do fogo vão decorrer até quarta-feira e anunciou a criação de programas de voluntariado. O autarca deslocou-se a alguma das áreas ardidas, nomeadamente a duna da Cresmina, no Guincho, tendo anunciado que os trabalhos de limpeza irão iniciar-se a partir do próximo fim-de-semana com a ajuda de voluntários e admitiu a possibilidade de a autarquia vir a tomar posse administrativa de alguns terrenos privados para proceder à sua reflorestação.

"Vamos começar já no fim-de-semana porque as pessoas estão muito ansiosas", afirmou o autarca. Relativamente à reflorestação, Carreiras referiu que serão utilizadas espécies autóctones, oriundas do banco genético florestal da autarquia, situação que terá lugar após o período de chuvas.