Eucalipto foi a espécie mais plantada em 2017

No ano passado, foi usado em 86% dos hectares das plantações. Foram mais de 18 mil hectares de eucalipto plantados.

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Enric Vives-Rubio / Arquivo

À semelhança dos anos anteriores, o eucalipto foi a espécie mais usada em arborizações e rearborizações em Portugal no ano de 2017. De acordo com o último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), divulgado esta manhã pela TSF, o eucalipto foi fortemente usado nas plantações de árvores.

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À semelhança dos anos anteriores, o eucalipto foi a espécie mais usada em arborizações e rearborizações em Portugal no ano de 2017. De acordo com o último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), divulgado esta manhã pela TSF, o eucalipto foi fortemente usado nas plantações de árvores.

Os mais de 18 mil hectares de eucaliptos plantados em 2017 superam os números de 2016, 2015 e 2014, um ano depois de ter entrado em vigor a nova lei do eucalipto, que simplificou os procedimentos para a plantação. Entre 2014 e 2017, as arborizações e rearborizações feitas com essa espécie não passaram dos 61 mil hectares. O Inventário Florestal Nacional (IFN) de 2010 reconhecia, pela primeira vez, que o eucalipto é a espécie que mais área ocupa na floresta portuguesa, encerrando uma era em que o pinheiro-bravo era a árvore dominante do país.

Actualmente, os números reforçam essa popularidade, apesar de a espécie aumentar o risco de incêndio da zona onde é plantado. Só no ano passado 86% dos hectares de arborizações e rearborizações feitas no país envolveram esta espécie. Uma percentagem bastante superior à da segunda espécie mais plantada, o pinheiro-manso, com 3,9% (ou 825 hectares), e do sobreiro com 1,9% (ou 402 hectares).

Ainda que o número de plantações de eucalipto (excluindo replantações) tenha sido mais baixo do que em 2016 – representando 65% do total – a situação preocupa o presidente da Associação de Promoção ao Investimento Florestal (Acréscimo), Paulo Pimenta de Castro.

Em entrevista à TSF, este representante alerta para o facto de se estar a "alimentar no futuro ciclos ininterruptos de incêndios”. “Já há uma clara evidência da predominância do eucalipto face às demais. Há falta de financiamento público para outro tipo de investimento, nomeadamente com autóctones, o que favoreceu claramente o eucalipto, uma árvore que se adequa mais a uma gestão de abandono e a menor tempo de espera”, considera.

Em Janeiro de 2018, entrou em vigor uma lei que estabelece um regime transitório para evitar que sejam plantados eucaliptos em áreas ardidas anteriormente ocupadas por outras espécies, aprovada pelo Parlamento e promulgada pelo Presidente da República no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande. 

Apesar disso, João Branco, da Quercus, reforça o alerta: “A maior parte dos pedidos de autorização para novas plantações são pedidos para plantações de eucaliptos e claro que isso é preocupante”. “Esperemos que a nova legislação que de algum modo é feita para impedir a proliferação do eucalipto venha a ter efeitos positivos e que seja parado o aumento, que tem sido descontrolado e desenfreado.”