Merkel resiste frente à linha dura dos parceiros de coligação, decididos a fechar fronteiras
Em pleno confronto aberto com a CSU, a chanceler alemã insiste na sua política de imigração, arriscando uma ruptura completa que lhe pode tirar a maioria parlamentar.
A política de imigração requer uma solução europeia, insistiu a chanceler alemã Angela Merkel, em declarações este sábado que mostram que a chefe do Governo não está disposta a ceder no confronto com os seus aliados bávaros.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A política de imigração requer uma solução europeia, insistiu a chanceler alemã Angela Merkel, em declarações este sábado que mostram que a chefe do Governo não está disposta a ceder no confronto com os seus aliados bávaros.
A controvérsia está centrada na rejeição por Merkel dos planos do ministro do Interior, Horst Seehofer, que quer reencaminhar de forma unilateral os imigrantes e requerentes de asilo que se tenham registado noutros países da União Europeia. Uma medida deste género seria um grande abalo para a política de portas abertas anunciada por Merkel em 2015, para além de pôr em causa o sistema das fronteiras abertas no espaço Schengen.
“Este é um desafio europeu que também precisa de uma solução europeia”, afirmou Merkel durante o seu podcast semanal, a apenas três dias de um encontro com o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Merkel quer negociar durante duas semanas acordos bilaterais com outros países europeus, como a Itália e a Grécia, semelhantes ao que foi fechado com a Turquia em 2016, quando o país se comprometeu a manter milhares de requerentes de asilo dentro das suas fronteiras a troco de ajuda financeira europeia. A chanceler pretende também ver progressos nas questões migratórias durante a cimeira europeia de 28 e 29 de Junho.
A União Social Cristã, o partido irmão da CDU liderado por Seehofer, enfrenta eleições na Baviera em Outubro e o receio de dar trunfos à extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) tem levado o ministro a adoptar uma posição mais dura. Os militantes do partido dizem que Seehofer irá enfrentar directamente Merkel na segunda-feira se não houver qualquer acordo até lá.
Uma situação deste género iria obrigar Merkel a demitir Seehofer e até a contemplar a possibilidade de pôr fim à aliança conservadora de 70 anos entre as duas formações. Sem o apoio da CSU, a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel e os sociais-democratas do SPD – que também apoiam o Governo de grande coligação – iriam deixar de ter uma maioria parlamentar.
O secretário-geral da CSU, Markus Blume, disse ao jornal Straubinger Tagblatt que o partido está firme no apoio a Seehofer. “Estamos num momento decisivo na história desta república”, declarou o dirigente.
Nas fileiras dos liberais do FDP já se especula que Merkel possa fazer uma aliança com o partido e também com os Verdes. Após as eleições de Setembro, Merkel tentou fazer precisamente uma aliança inédita com os dois pequenos partidos, que têm posições fundamentalmente opostas em vários temas, mas falhou.