Cabul anuncia morte do líder dos taliban paquistaneses

Era o homem mais procurado no Paquistão e esteve envolvido nos piores atentados dos últimos anos no país. Também foi responsável pelo ataque contra Malala Yusufzai.

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O muito procurado comandante dos taliban no Paquistão foi morto na província afegã de Kunar, confirmaram os seus combatentes depois da notícia ser divulgada pelo Ministério da Defesa do Afeganistão.

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O muito procurado comandante dos taliban no Paquistão foi morto na província afegã de Kunar, confirmaram os seus combatentes depois da notícia ser divulgada pelo Ministério da Defesa do Afeganistão.

Mullah Fazlullah era o líder dos Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) desde Novembro de 2013, quando substituiu Hakimullah Mehsud, que morreu num ataque com um drone dos Estados Unidos, numa operação na Waziristão do Norte, uma das províncias entre os dois países que escapam ao controlo das autoridades de Islamabad. Fazlullah era descrito como um “combatente implacável” e opunha-se a quaisquer conversações de paz.

“Confirmo que Mullah Fazlullah, líder dos taliban paquistaneses, foi morto numa operação área conjunta [com os EUA] na área de fronteira de Marawera, na província de Kunar”, afirmou às agências de notícias o porta-voz do Ministério, Mohammed Radmanish. Com ele morreram dois combatentes, disse ainda Radmanish.

Os próprios TTP admitiram num comunicado a morte do seu líder.

Durante anos, os militares e os serviços secretos paquistaneses foram acusados de não fazer o suficiente para combater os “estudantes de teologia”, que ajudaram a formar durante a guerra civil afegã, no início dos anos 1990. Agora é o Paquistão que acusa frequentemente as forças afegãs e americanas de não fazerem o suficiente para travar a ameaça das forças dos TTP que vivem do lado afegão deste volátil fronteira, para onde fugiram depois de uma séria de operações militares paquistanesas.

Com menos frequência do que há alguns anos, os TTP e outros grupos a eles associados continuam a conseguir montar atentados em grande escala contra civis e forças de segurança no Paquistão. Em 2017, pelo menos 748 civis e militares foram mortos nestes ataques (em 2012, o pior ano, morreram 3739 pessoas), de acordo com os números do Portal de Terrorismo do Sul da Ásia, um instituto de investigação com sede em Nova Deli.

Os militares paquistaneses dizem ter morto pelo menos quatro mil combatentes ligados aos TTP desde 2013. Mas em Janeiro, o Presidente Donald Trump cortou mais de mil milhões de euros em assistência militar ao Paquistão por suspeitas de que o país oferece refúgio a membros dos taliban afegãos e à mortífera rede Haqqani – Islamabad desmente e diz-se “bode expiatório” do fracasso de mais de 16 anos de guerra com os EUA ao comando de uma coligação internacional no Afeganistão.

Fazlullah era o homem mais procurado do Paquistão e esteve envolvido em alguns dos piores ataques dos últimos anos no país, incluindo o massacre numa escola em 2014, quando foram mortas 132 crianças. Foi também ele a ordenar os disparos em 2012 contra Malala Yousufzai, uma adolescente de 15 anos que defendia o direito das raparigas a irem à escola, laureada entretanto com o Nobel da Paz.

Em Março, os EUA tinham oferecido uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações sobre Fazlullah.