Um racista e pedófilo confesso é candidato na Virgínia contra o "politicamente correcto"

Candidatura de um extremista que cumpriu pena de prisão por ameaçar de morte Barack Obama tornou-se numa arma de arremesso político entre republicanos e democratas da Virgínia.

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O Congresso estadual da Virgínia, numa fotografia de 2007, por ocasião da visita da Rainha Isabel II Reuters

Tem 37 anos, é contabilista e é candidato à câmara baixa da assembleia legislativa do estado norte-americano da Virgínia. Nathan Larson, da cidade de Charllotesville (que em 2017 foi palco de protestos racistas), declara-se um “libertário quase neo-revolucionário” e está a agitar a campanha eleitoral estadual com propostas radicais como a despenalização da pedofilia e da violação, e a defesa da "supremacia branca". Com ideias e um percurso de vida que à partida o afastará de uma hipótese real de ser eleito, Larson aposta contudo no que acredita ser o cansaço do eleitorado com o "politicamente correcto".

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Tem 37 anos, é contabilista e é candidato à câmara baixa da assembleia legislativa do estado norte-americano da Virgínia. Nathan Larson, da cidade de Charllotesville (que em 2017 foi palco de protestos racistas), declara-se um “libertário quase neo-revolucionário” e está a agitar a campanha eleitoral estadual com propostas radicais como a despenalização da pedofilia e da violação, e a defesa da "supremacia branca". Com ideias e um percurso de vida que à partida o afastará de uma hipótese real de ser eleito, Larson aposta contudo no que acredita ser o cansaço do eleitorado com o "politicamente correcto".

“Muita gente está cansada do politicamente correcto e de ser restringida por ele”, disse ao site Huffington Post. “As pessoas preferem quando vem alguém de fora, sem nada a perder e diz o que lhes vai na cabeça”.

"De fora", no caso de Larson, é um generoso eufemismo. O candidato faz a apologia da pedofilia e do racismo há vários anos em sites e fóruns da internet. Na quinta-feira, dois desses sites, da sua autoria, foram encerrados. Numa entrevista ao Huffington Post, e questionado sobre se cometeu actos pedófilos ou se apenas defende a pedofilia, Larson respondeu "um pouco dos dois", afirmando que há uma parte de exagero e outra de verdade no que escreve na internet. No seu programa de campanha, contudo, é inequívoco ao defender o casamento com menores e a legalização do incesto e da pornografia infantil.

Ao mesmo tempo, é crítico da liberdade sexual das mulheres, estabelecendo um paralelo entre o feminismo, o aumento do número de divórcios e os tiroteios nas escolas norte-americanas. Defende que os homens solteiros não devem pagar impostos para educar "os filhos de outros homens" e identifica-se com o movimento "incel" (homens que se dizem "celibatários involuntários" e a quem já foi atribuída a autoria de atentados). Larson foi casado duas vezes (a primeira mulher acabaria por se suicidar) e é pai de uma criança de três anos, que está actualmente à guarda de familiares.

Admirador de Adolf Hitler, Larson defende a instauração de um regime racista branco e o fim da aliança entre os EUA e Israel, cita o jornal USA Today.  Em 2009, foi condenado a 16 meses de prisão por ter escrito uma carta aos Serviços Secretos norte-americanos em que ameaçava matar o então Presidente Barack Obama.

A candidatura de Larson, ex-recluso, tornou-se numa arma de arremesso político entre republicanos e democratas na Virgínia. Até 2016, cidadãos que tivessem cumprido pena de prisão não tinha direito a votar nem a serem eleitos naquele estado. A lei acabou por ser alterada pelo então governador democrata Terry McAuliffe. Ed Gillespie, candidato republicano derrotado nas eleições ao cargo de governador em 2017, responsabiliza McAuliffe pela actual candidatura de Larson.

Ralph Northam, o actual governador democrata da Virgínia, afirma que as ideias de Larson são “repugnantes” e que este não tem qualificações para ser eleito para o Congresso estadual. No entanto, e resposta às críticas dos republicanos da Virgínia, reiterou a defesa dos direitos políticos dos ex-reclusos.