Projecto do “Mono do Rato” vai mesmo avançar

Polémico projecto dos arquitectos Aires Mateus e Frederico Valsassina vai mesmo ser construído no largo do Rato. A empreitada já começou com a colocação de tapumes.

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Maqueta do edifício projectado pelos arquitectos Aires Mateus e Frederico Valsassina DR

Quase oito anos depois da aprovação, em Dezembro de 2010, daquele que ficou conhecido como o “mono do Rato”, o polémico projecto para a construção de um edifício de grandes proporções e traça contemporânea, num dos cantos do Largo do Rato, vai mesmo avançar, confirmou o PÚBLICO junto da Câmara Municipal de Lisboa. 

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Quase oito anos depois da aprovação, em Dezembro de 2010, daquele que ficou conhecido como o “mono do Rato”, o polémico projecto para a construção de um edifício de grandes proporções e traça contemporânea, num dos cantos do Largo do Rato, vai mesmo avançar, confirmou o PÚBLICO junto da Câmara Municipal de Lisboa. 

A colocação dos tapumes azuis em torno do quarteirão confinado pelo Largo do Rato e pelas ruas do Salitre e Alexandre Herculano, na semana passada, desenterrou uma polémica antiga: um edifício moderno projectado, há mais de dez anos, peloa dupla de arquitectos Manuel Aires Mateus (Prémio Pessoa 2017) e Frederico Valsassina.

As dúvidas que começaram a ser levantadas pela população eram se o novo imóvel que ali vai nascer seria o mesmo que foi apresentado ainda em 2004 e que suscitou grande contestação popular e política. Ao que o PÚBLICO confirmou junto da câmara municipal, o prédio que ali vai ser construído é o mesmo que a autarquia aprovou em 2005 e deferiu em 2010, em reunião do executivo. 

O projecto foi amplamente criticado. Os opositores à edificação pediam que o ele fosse alterado, quanto à cércea e volumetria. A fachada de pedra e vidro era arrojada demais e rasgaria o classicismo daquela zona, alertavam os críticos. 

O projecto de arquitectura do imóvel foi aprovado em 2005, quando a autarquia da capital era presidida por Pedro Santana Lopes, pela então vereadora do urbanismo, Eduarda Napoleão, com recurso a uma prerrogativa especial. Em 2008, já com António Costa à frente da autarquia, o licenciamento da obra acabou por ser chumbado por duas vezes. 

Nesse ano, o PS, que tem ali no largo a sua sede nacional, votou a favor, mas toda a oposição votou contra por considerar que o edifício não se enquadraria no local. Na altura, na oposição ao projecto, estavam José Sá Fernandes (eleito pelo Bloco de Esquerda), que é hoje vereador da Estrutura Verde, e Helena Roseta, a actual presidente da assembleia municipal que, à data, era vereadora eleita pelo Movimento Cidadãos por Lisboa numa coligação que garantira a vitória de Costa nas eleições intercalares de 2007. 

Como o projecto acabou rejeitado pela autarquia, os promotores imobiliários foram para tribunal para fazer valer os seus direitos. Já em 2010, o município mostrou-se disponível para negociar com os promotores da empreitada para aprovar novamente o empreendimento, o que veio de facto a acontecer já no final do ano.

No início de 2011, a contestação popular reacendeu-se com a constituição de uma associação cívica que desencadeou uma acção popular com o objectivo de anular o licenciamento camarário da obra. A associação Salvem o Largo do Rato fez mesmo chegar à Assembleia da República uma petição contra a construção do edifício que reuniu mais de 5000 assinaturas.

Desde então, não mais se ouviu falar do projecto, até à colocação dos tapumes que denunciaram o início da empreitada. O PÚBLICO não conseguiu entrar em contacto com o promotor da obra. De acordo com a câmara de Lisboa, o prazo para a conclusão da construção é de 24 meses. O PÚBLICO tentou ainda, sem sucesso, contactar os dois arquitectos autores do projecto.