Patinar no gelo fino (com sons de outro mundo)

Henrik Trygg procura o gelo mais fino (cinco centímetros) e mais escuro para patinar e para registar imagens e sons raros

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Os sons que se ouvem no vídeo são reais — apesar de soar a filme de ficção científica, a comunicação extraterrestre. Chamam-lhe patinagem selvagem ou patinagem nórdica. Henrik Trygg procura os lagos e rios com o gelo mais fino e mais escuro. "É um desafio", confessa à Fugas o fotógrafo de 45 anos que começou a patinar há 25 — e, mais recentemente, a filmar e a gravar tudo. "Na Suécia é muito comum. Aproximadamente cem mil pessoas patinam no Inverno. Mas a maioria prefere os lagos mais pequenos e o gelo mais seguro".

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Os sons que se ouvem no vídeo são reais — apesar de soar a filme de ficção científica, a comunicação extraterrestre. Chamam-lhe patinagem selvagem ou patinagem nórdica. Henrik Trygg procura os lagos e rios com o gelo mais fino e mais escuro. "É um desafio", confessa à Fugas o fotógrafo de 45 anos que começou a patinar há 25 — e, mais recentemente, a filmar e a gravar tudo. "Na Suécia é muito comum. Aproximadamente cem mil pessoas patinam no Inverno. Mas a maioria prefere os lagos mais pequenos e o gelo mais seguro".

Henrik patina pelo desafio. Podia dizer que esta é "a forma não mecânica mais eficiente de locomoção" naquele país nórdico. E que "é muito divertido, ao contrário de correr". Mas gosta de assumir o "sentido mais filosófico" da coisa. "Faço-o pelo desafio", repete este aventureiro com "muita preparação" na mochila. "Verificamos radares, imagens de satélite e previsões meteorológicas antes de avançarmos", diz Henrik, que costuma patinar na companhia de Mårten Ajne. Esse é, aliás, um dos seus conselhos para este tipo de passeio radical. "Vá acompanhado."

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Num dia comum, Henrik pode percorrer 40 a 50 quilómetros — mas uma distância de 100 quilómetros não seria invulgar. "Se tivermos o vento pelas costas podemos fazer mais." Não avançam em modo pára-arranca como na patinagem artística ou no hóquei no gelo. "Vamos como os patinadores de velocidade, mas muito mais relaxados. Não temos pressa."

No vídeo que a Fugas agora divulga pode ver-se Henrik a furar o gelo e a medir a sua espessura. Para o "gelo preto", o mínimo aceitável é uma camada de cinco centímetros suportada pelas margens como um arco antigo ou uma cúpula romana. "Pensamos que vai partir a qualquer momento, mas não porque há água em baixo", explica o fotógrafo patinador. O "gelo preto virgem" é "o mais desejável". "Quando o lago ganhou a sua primeira cobertura de gelo do ano". Outro conselho: "Quando a matemática é difícil, então não tente."

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E se estão a pensar se ele alguma vez mergulhou sem querer, a resposta é afirmativa. "De vez em quando", responde. "São conhecidas algumas centenas de mergulhos por ano", completa. "E a maioria das pessoas simplesmente saem rapidamente e vão para casa secar. Pode ser grave se se magoar e estiver sozinho. Mas é raro acontecer."

E porque não patinar no gelo grosso e seguro? "O gelo grosso torna-se tão interessante quanto o pavimento. Quanto mais grosso é o gelo, mais rígido e sem voz se torna. Mais cedo ou mais tarde, a neve vai atrapalhar a alegria da experiência, que, para além disso, se torna visualmente menos atraente", explicou Henrik Trygg à National Geographic. 

Outra teoria — mais do que confirmada por Henrik: "Quanto mais fino é o gelo, mais distinto é o som." E existem sons mesmo quando não se patina sobre ele. "Sim, quando o gelo se contrai à noite e se expande ao nascer do sol perante as diferenças de temperatura." São "trovões", como disparos de uma pistola laser de um filme de ficção científica.

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Henrik Trygg, pouco mais de dois mil seguidores no Instagram, sorri quando lhe perguntamos se ouve as suas gravações como quem carrega no play para escutar uma sinfonia. "Ainda não. Mas a verdade é que o som torna a experiência mais grandiosa."