Morreu o chef francês Paul Bocuse, referência mundial da gastronomia
Vedeta da cozinha mundial tinha 91 anos. Notícia da morte foi avançada pelo ministro francês do Interior.
O chef francês Paul Bocuse, uma das referências mundiais da gastronomia, morreu neste sábado, aos 91 anos. A informação foi avançada pelo ministro francês do Interior, Gerard Collomb, através de uma mensagem publicada no Twitter.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O chef francês Paul Bocuse, uma das referências mundiais da gastronomia, morreu neste sábado, aos 91 anos. A informação foi avançada pelo ministro francês do Interior, Gerard Collomb, através de uma mensagem publicada no Twitter.
"Monsieur Paul era a França", escreveu o governante, que foi presidente da Câmara de Lyon, cidade natal do conhecido chef, que mantém ali o seu restaurante L'Auberge du Pont de Collonges, distinguido com três estrelas Michelin. "O papa da gastronomia deixou-nos", acrescentou.
Bocuse foi uma das figuras mais notáveis da "nouvelle cuisine", que reinterpretava a cozinha francesa, focada na utilização de ingredientes frescos e da época e uma apresentação cuidada. Eleito "cozinheiro do século", conhecido como o homem que revolucionou a cozinha francesa e criador de império gastronómico único, Bocuse sofria de doença de Parkinson.
Nascido a 11 de Fevereiro de 1926, no meio de uma família de cozinheiros numa localidade próxima de Lyon, começou a sua formação gastronómica aos 16 anos. Depois da II Guerra Mundial, prosseguiu os estudos com Eugénie Brazier, a primeira mulher a recolher três estrelas Michelin, em 1933. Aos 32 anos (1958), obteve ele próprio o reconhecimento com a sua primeira estrela Michelin, ao lado do pai, Georges Bocuse. A segunda estrela mereceu-a apenas dois anos depois.
Em 2012, o suplemento Fugas do PÚBLICO, visitou o restaurante de Bocuse nos arredores de Lyon, para uma recensão publicada nesse ano e assinada pelo crítico Fortunato da Câmara. Já nessa altura admitiu que o seu estado de saúde o obrigara a abrandar o ritmo de trabalho. Mas mantinha ainda diversos projectos.
Como se recorda nesse texto, Bocuse alistou-se aos 18 anos e combateu na II Guerra Mundial na Alsácia, até ser ferido numa perna. Foram os seus projectos, sempre desenvolvidos em torno da sua cidade natal, que lançaram Lyon para o lugar principal da gastronomia mundial. Fundou e deu nome a um dos concursos gastronómicos de maior projecção, o Bocuse d'Or, bem como um Instituto igualmente baptizado com o seu nome, que funcionava como escola direccionada para a hotelaria. Na altura, liderava ainda um grupo empresarial que era constituído por 19 empresas e empregava mais de 700 pessoas.