Guiné Equatorial diz ter evitado golpe de Estado

A alegada tentativa, nos últimos dias do ano, terá envolvido “mercenários” de vários países. Obiang, no poder há 38 anos, diz que sai quando “o povo quiser”. Integra a CPLP desde 2014

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Depois das referências a “uma guerra em preparação” para o derrubar, feitas dia 30 pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema numa cerimónia “de apresentação de votos de bem-estar” (organizada em sua honra pçor militantes do seu partido, juízes e deputados), esta quarta-feira foi o ministro da Segurança a anunciar que a Guiné Equatorial “fez abortar um golpe” lançado no fim de Dezembro por “um grupo de mercenários” que queriam “atacar o chefe de Estado”.

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Depois das referências a “uma guerra em preparação” para o derrubar, feitas dia 30 pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema numa cerimónia “de apresentação de votos de bem-estar” (organizada em sua honra pçor militantes do seu partido, juízes e deputados), esta quarta-feira foi o ministro da Segurança a anunciar que a Guiné Equatorial “fez abortar um golpe” lançado no fim de Dezembro por “um grupo de mercenários” que queriam “atacar o chefe de Estado”.

Num comunicado, o ministro Nicolas Obama Nchama, explica que “activou imediatamente uma operação para desmantelar o ataque em colaboração com os serviços de segurança dos Camarões”. Estes “mercenários estrangeiros”, diz, terão sido “contratados por militantes de determinados partidos da oposição radical na Guiné Equatorial, com o apoio de certas potências”.

Aos 75 anos, Obiang sabe que quem lhe “faz guerra” quer vê-lo longe do poder por, entre outros motivos, considerar que ocupa a presidência há demasiado tempo. “Quero uma transição feliz, não quero a guerra”, disse aos apoiantes no sábado, apelando a que se mantenham “vigilantes”. “Eu não estou no poder porque quero estar”, assegurou em seguida. “Quando vocês quiserem, podem dizer-me, ‘Presidente, já trabalhaste demasiado’, e eu sairei”.

Obiang, que chegou ao poder em 1979 num golpe de Estado, dirige o país com mão dura e repressão. Mesmo depois das primeiras descobertas de petróleo, nos anos 1990, a Guiné Equatorial manteve-se como um dos países menos desenvolvidos do mundo, com uma esperança média de vida de 64 anos e 44% da população a viver na pobreza (segundo os últimos dados disponíveis, de 2016 e 2011, respectivamente).

De acordo com as autoridades do país, esta tentativa de golpe de Estado envolveu uns 30 mercenários do Chade e da República Centro Africana – segundo o jornal marroquino La Nouvelle Tribune, 31 pessoas foram detidas na cidade de Kye-Ossi, no Sul dos Camarões, numa estrada que liga directamente os dois países, mas uma parte dos atacantes estará ainda em fuga.

O grupo estaria na posse do que o jornal descreve como “verdadeiro arsenal de guerra”: 75 carregadores de AK 47, 12 lança-rockets, várias Kalashnikov e muitas de munições.

Apesar de algumas resistências portuguesas, o país de Obiang entrou mesmo na CPLA (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) na cimeira de Díli, em 2014, encontro que assinalou a chegada da Guiné Equatorial ao grupo de países que incluía Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Curiosamente, ausentes desse encontro estiveram precisamente os ex-chefes de Estado que mais promoveram a candidatura do país francófono, a brasileira Dilma Rousseff e o angolano José Eduardo dos Santos.