Ahed Tamimi, a face mais nova da resistência palestiniana
A família Tamimi é uma “velha conhecida” na luta contra a ocupação israelita. A filha Ahed, de 17 anos, tem sido manchete e protagonista de imagens virais em defesa da Palestina e foi agora detida
Ahed Tamimi. Odiada pelos defensores de Israel por ser uma voz extremada da posição palestiniana. Adorada na Palestina pela coragem e luta contra o domínio das forças israelitas. Já ameaçou militares israelitas nos recorrentes protestos na sua vila, Nabi Saleh, já lhes berrou, já lhes bateu. Até já mordeu a mão de um soldado num momento recortado em fotografia. Tem 17 anos. Na terça-feira, a polícia israelita entrou em sua casa e prendeu-a.
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Ahed Tamimi. Odiada pelos defensores de Israel por ser uma voz extremada da posição palestiniana. Adorada na Palestina pela coragem e luta contra o domínio das forças israelitas. Já ameaçou militares israelitas nos recorrentes protestos na sua vila, Nabi Saleh, já lhes berrou, já lhes bateu. Até já mordeu a mão de um soldado num momento recortado em fotografia. Tem 17 anos. Na terça-feira, a polícia israelita entrou em sua casa e prendeu-a.
O último momento que a devolveu às manchetes é um "confronto" com os militares, no mesmo dia em que o primo Mohammed, de 14 anos, foi atingido na cara por uma bala de borracha disparada pelos israelitas. O vídeo, publicado online na passada sexta-feira, mostra a rapariga a gritar e a esbofetear um soldado.
A reacção israelita não se fez esperar. Na madrugada de terça-feira, por volta das 3h, agentes isralietas entraram na casa da família e, de acordo com o relato do pai, entre agressões, levaram a filha para uma detenção de dez dias. À Al Jazeera, Bassem disse que a acção envolveu pelo menos 30 militares. Levaram telemóveis, computadores fixos e portáteis. A mãe de Ahed, Nariman Tamimi, acabaria por também ser presa mais tarde, quando se deslocou à esquadra para acompanhar a filha durante o interrogatório, algo a que a menor tem direito. Agora, estão as duas detidas.
Em reacção ao vídeo em que se vê Ahed e outra mulher a bater no militar, o Ministro da Educação israelita, em declarações à Army Radio, mostrou-se intransigente. Para Naftali Bennett, que considera a Palestina "um estado falso", as duas "deveriam acabar as suas vidas na prisão". Os israelitas consideram que os soldados tiveram um comportamento profissional, já que não responderam à "provocação".
Bassem Tamimi, por seu turno, fala de uma deturpação dos factos, referindo que, antes de o vídeo começar a ser filmado, os soldados tinham invadido os pátios das casas, partindo vidros e atirando granadas de gás. "Estou tão zangado, mas não posso fazer nada. Isto é ocupação", disse o patriarca à Al Jazeera. "Eles querem que os palestinianos sofram."
A família Tamimi não é estranha a estas detenções, nem aos confrontos com os israelitas, sendo conhecidos por se insurgirem contra a ocupação. O pai, Bassem, já foi detido várias vezes pela polícia e chegou a ser nomeado “prisioneiro de consciência” pela Amnistia Internacional. Já Ahed ainda tinha apenas 13 anos quando ganhou o Prémio de Coragem Hanzala por confrontar os soldados israelitas que prendiam o irmão. Desde aí que tem sido a protagonista de manchetes e vídeos que documentam a violência contra o povo palestiniano e a resistência às forças israelitas nos protestos de Nabi Saleh, no território ocupado da Cisjordânia.
Os dados mostram que centenas de crianças palestinianas são presas diariamente. O Prisoners and Freed Prisoners Commitee avança que só este ano — e até ao início de Novembro —, 483 crianças palestinianas foram presas pelas forças israelitas. Até Agosto, o B’Tselem, organização em prol dos direitos humanos nos territórios ocupados, contava 331 menores detidos ou presos. Por outro lado, a Adameer (associação que se dedica aos direitos humanos e ao apoio dos presos palestinianos) dava conta de 311 crianças que se encontravam detidas ou presas no mês passado.