The Handmaid’s Tale, uma das séries essenciais de 2017, chega (finalmente) a Portugal
Premiada nos Emmys e responsável por trazer Margaret Atwood novamente para o centro da cultura, tem estreia exclusiva no serviço Nos Play antes do Natal.
Em Setembro, quem não sabia ainda o que era The Handmaid’s Tale, a série que foi ocupando os espaços entre as conversas sobre a posição da mulher na actualidade ou o espectro do totalitarismo na América pós-Trump, começou a ouvir falar dela. Escrita por Margaret Atwood em 1985 e estreada em 2017, foi a primeira série de um serviço de streaming a vencer o Emmy de Drama, talvez o mais importante prémio de televisão do mundo. Agora, sabe o PÚBLICO, chega (finalmente) a Portugal noutro serviço de streaming, português, o Nos Play.
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Em Setembro, quem não sabia ainda o que era The Handmaid’s Tale, a série que foi ocupando os espaços entre as conversas sobre a posição da mulher na actualidade ou o espectro do totalitarismo na América pós-Trump, começou a ouvir falar dela. Escrita por Margaret Atwood em 1985 e estreada em 2017, foi a primeira série de um serviço de streaming a vencer o Emmy de Drama, talvez o mais importante prémio de televisão do mundo. Agora, sabe o PÚBLICO, chega (finalmente) a Portugal noutro serviço de streaming, português, o Nos Play.
Primeiro em antestreia na convenção Comic Con, no Porto, agendada para dia 16 de Dezembro, e depois disponibilizada dia 18 no serviço por subscrição da Nos, como confirmou o PÚBLICO, The Handmaid’s Tale tem por base o livro de Margaret Atwood — traduzido em Portugal primeiro como Crónica de Uma Serva (Europa-América, 1988) e mais recentemente como A História de Uma Serva (Bertrand, 2013). Numa altura em que após a tomada de posse do 45.º Presidente dos EUA, Donald Trump, títulos como 1984, de George Orwell, regressavam ao top de vendas, uma outra distopia, igualmente asfixiante, cativava os espectadores do Hulu.
Vemos o seu mundo a partir dos fundos toucados que escondem o rosto, e limitam os olhos, das servas, símbolos escarlates de uma sociedade americana puritana em que vivem os privilegiados, em que sobrevivem as criadas domésticas, onde se esquecem os párias e onde as servas têm funções de procriação e servidão perturbadoramente ritualizadas. Esse mundo é a república de Gilead. Uma distopia que impressionou agora, nesta sua versão série dramática de 2017 a própria autora, Margaret Atwood, e que a fez reiterar uma vez mais que não é ficção científica – é “ficção especulativa”.
Em Outubro, na Feira do Livro de Frankfurt, a autora lembrava: “O livro era a resposta à pergunta: ‘E se houvesse um regime totalitário nos Estados Unidos, de que tipo seria?’. Quando escrevi esse livro, ainda estávamos na Guerra Fria, o Muro ainda existia em Berlim e os europeus ainda olhavam para os EUA como um grande pilar da democracia e da liberdade de expressão. Não queriam acreditar que qualquer coisa parecida com o que era descrito naquela obra poderia acontecer lá. Mas, hoje, os tempos mudaram. E infelizmente tornou-se possível pensar-se nesses termos”.
A série fez história ao ser a primeira de um serviço de streaming, o Hulu, a vencer o Emmy mais cobiçado e bateu nessa corrida outras plataformas candidatas da nova televisão – o Netflix de House of Cards ou a Amazon de The Man in the High Castle. (O Hulu não opera em Portugal, ao contrário da Amazon e do Netflix.) Também a protagonista Elisabeth Moss (Mad Men) e a actriz secundária Ann Dowd (The Leftovers) foram premiadas nos Emmys deste ano. Perfila-se como uma das séries do ano e foi também a primeira de uma série de adaptações da obra de Atwood, que resultou já na estreia, em Novembro, de Alias Grace no Netflix e que nos próximos anos terá “pelo menos mais dois” livros em vias de adaptação televisiva, como disse a própria ao The New York Times.
The Handmaid’s Tale é também um produto de um ano em que foram muito valorizadas as séries de e sobre mulheres, mas também de um sistema onde a Amazon Studios terá recusado o projecto de The Handmaid’s Tale quando ainda era presidida por Roy Price, que no final de Outubro deixou o cargo sob acusações de assédio sexual na esteira do escândalo Weinstein.
“O facto de ser tão incrivelmente relevante foi quase acidental”, disse há semanas ao PÚBLICO o produtor norte-americano Alan Poul a propósito de The Handmaid’s Tale, a sua série favorita do momento. “Porque a alegoria tem mais força do que o comentário.”
A série é escrita pelo guionista Bruce Miller, também premiado nos Emmys, cerimónia de Setembro que distinguiu ainda Alexis Bledel (Gilmore Girls) como Actriz Convidada e Reed Morano (Meadowland) pela sua realização. Juntaram-se-lhes os Emmys de Fotografia e Direcção de Arte e foi considerado o Programa de Televisão do Ano pela Television Critics Association dos EUA.
O primeiro episódio de The Handmaid’s Tale vai passar pela primeira vez no Porto, no dia 16, na Comic Con, estando depois os seus dez episódios integral e simultaneamente disponíveis no Nos Play, um serviço por subscrição que foi recentemente rebaptizado (era o N Play) e também engrossado com conteúdos da plataforma Fox + (séries da Fox em sistema on demand). Estes juntaram-se aos filmes e séries já disponíveis e também aos títulos da HBO (o canal TV Séries, da Nos, tem a chancela Home of HBO em Portugal desde 2015). A Nos informou que o serviço estará em sinal aberto para os clientes do operador entre 15 de Dezembro e 3 de Janeiro.
A segunda temporada da série deve estrear-se em Abril de 2018, mas para já apenas a primeira temporada foi garantida pela Nos.