Mário Centeno no Eurogrupo? "É uma candidatura forte”, diz Marcelo
Presidente da República reconhece que o ministro das Finanças português é “um nome forte” para o cargo, mas alerta para a “grande dose de imprevisibilidade” do resultado.
O Presidente da República afirmou nesta sexta-feira que a candidatura de Mário Centeno à presidência do Eurogrupo “é uma candidatura forte”, mas avisa que não se devem elevar as expectativas, pois há “uma grande dose de imprevisibilidade” nestas votações, como aconteceu com a da Agência Europeia do Medicamento.
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O Presidente da República afirmou nesta sexta-feira que a candidatura de Mário Centeno à presidência do Eurogrupo “é uma candidatura forte”, mas avisa que não se devem elevar as expectativas, pois há “uma grande dose de imprevisibilidade” nestas votações, como aconteceu com a da Agência Europeia do Medicamento.
“Que é um grande nome, é um grande nome; que, de facto, é uma candidatura forte, é forte. Mas vamos ver. Até ao último minuto há uma dose de imprevisibilidade muito grande, num contexto complexo, não vale a pena estar a fazer previsões”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem de uma visita à Cova da Moura com o seu homólogo cabo-verdiano.
O chefe de Estado recordou o que aconteceu nos processos de escolha europeus da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) e da Autoridada Bancária Europeia: “As votações mostram uma grande dispersão de voto e muito voto táctico”; “quem ficou em primeiro lugar na primeira votação já não ganhou”.
Por isso, repetiu o aviso de precaução: “Eu não gosto de elevar expectativas, a minha posição é de baixar expectativas. Se corre bem, é uma grande alegria. Mas quem eleva demasiado as expectativas, corre o risco de sofrer desilusões, e nós devemos evitar desilusões”.
Sobre a EMA, voltou a afirmar que se tratou de “uma competição muito difícil”, mas considera que tanto o Governo como a Câmara do Porto “fizeram o que deviam fazer”. Questionado sobre o processo de transferência do Infarmed para o Porto, repetiu o que dissera na véspera: que se trata de uma “decisão administrativa do Governo” e que não vai passar por Belém nenhuma lei que mereça a sua apreciação, pelo que não se vai pronunciar.
Reconheceu, no entanto, que os trabalhadores do instituto português do medicamento enviaram a Belém documentação sobre o processo e que deverão ser recebidos por “uma assessora” na próxima segunda-feira.
Marcelo Rebelo de Sousa também não quis pronunciar-se sobre o Orçamento do Estado para 2018, mas sempre comentou que, este ano, o texto “vai dar mais trabalho a ver, porque, pelo meio, surgiram factores que obrigaram a alterações”. Referia-se, por exemplo, aos incêndios de 15 de Outubro.
“Em anos anteriores praticamente promulguei em cima da hora, não havia novidades, não tinha dúvidas de constitucionalidade, promulguei. Este ano há matérias que, entretanto, estão a surgir todos os dias e há votações de vários sentidos. Para conhecer na especialidade o Orçamento, vai dar mais trabalho, vai ser preciso mais algum tempo”, disse.
Entretando, na Cova da Moura
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no bar da Associação de Solidariedade Social da Cova da Moura, um bairro da Amadora habitado por muitos cabo-verdianos, enquanto fazia um compasso de espera para o encontro com o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
De copo de cerveja na mão, o Presidente português conversava com moradores que lhe lembraram a visita ao bairro que fez há um ano, onde andou de casa em casa e numa delas até ajudou a estender a roupa à janela. “É uma jóia de Presidente, é ele e o Papa Francisco”, comentava uma moradora.
Jorge Carlos Fonseca andava noutro ponto do bairro que conhece bem, a visitar a associação Moinho da Juventude, e a cumprimentar moradores com beijinhos e selfies, ao estilo Marcelo. Ouvia algumas queixas e relatos de problemas, que aos jornalistas considerou serem “pequenos no âmbito de uma integração que no essencial é boa”.
Já à porta do restaurante da Rua dos Reis, onde se encontrou com o homólogo cabo-verdiano, o chefe de Estado português foi questionado sobre se não tinha ciúmes da popularidade de Jorge Carlos Fonseca e respondeu em tom de brincadeira: “Felizmente que ele não tem nacionalidade portuguesa! Se tivesse dupla nacionalidade era um concorrente perigoso”.