Santana joga na antecipação e pondera anunciar candidatura amanhã

Alguns dos mandatários distritais que participaram nas directas de 2008 já terão manifestado disponibilidade para voltar a apoiar o ex-líder do partido. Rui Rio avança na quarta-feira e escolheu Aveiro para o anúncio.

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Se avançar, esta será a quarta candidatura de Santana Lopes à liderança do PSD Daniel Rocha

A entrada de Pedro Santana Lopes na corrida à liderança do PSD é dada como certa por fontes próximas do antigo líder social-democrata, que aguardará apenas a marcação da data das eleições directas pelo Conselho Nacional, que se realiza esta noite, para avançar. Esta será a sua quarta candidatura efectiva à presidência do partido, caso venha a concorrer às directas, que vão escolher o próximo presidente dos sociais-democratas.

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A entrada de Pedro Santana Lopes na corrida à liderança do PSD é dada como certa por fontes próximas do antigo líder social-democrata, que aguardará apenas a marcação da data das eleições directas pelo Conselho Nacional, que se realiza esta noite, para avançar. Esta será a sua quarta candidatura efectiva à presidência do partido, caso venha a concorrer às directas, que vão escolher o próximo presidente dos sociais-democratas.

“Pedro Santana Lopes é um institucional e não lhe parece bem dizer que é candidato a umas eleições que ainda não estão marcadas”, disse ontem ao PÚBLICO um apoiante do ainda provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). A mesma fonte garantiu também que o dia de amanhã “é o mais provável” para Santana anunciar a sua decisão. Se assim for, Santana acabará por antecipar-se a Rui Rio, que tem marcado para quarta-feira ao fim da tarde o anúncio da sua candidatura à presidência do partido. O anúncio chegou a estar previsto para Coimbra, mas Rui Rio não gostou que tivesse havido uma fuga de informação relativamente ao local e escolheu agora a cidade de Aveiro, cuja distrital (ou parte dela) o apoia, para assumir a sua candidatura.

Fontes sociais-democratas com quem o PÚBLICO falou adiantam que Santana Lopes tem recebido o “apoio de uma parte significativa do partido” e que “há um enorme alívio no PSD com a possibilidade do seu regresso”. “Pedro Santana Lopes tem o sentimento de obra inacabada em relação ao PSD”, declarou uma das fontes ouvidas ontem, acrescentando que “esse sentimento é também extensivo ao país”.

“Reencontro com a história”

O Diário de Noticias avançava na sua edição de ontem que “desta vez é diferente. Desta vez é mesmo para avançar. Só algo do domínio do absolutamente imponderável fará Santana Lopes recuar na intenção dessa candidatura a presidente do PSD”. Ao PÚBLICO, apoiantes seus vão mais longe e falam mesmo de uma “vaga de fundo” que pode, notam, ser “crucial” para a decisão do antigo líder partidário.

“É o reencontro com a história”, atira um social-democrata, que já foi seu mandatário distrital nas directas de 2008. Aliás, revelou que outros mandatários distritais estarão disponíveis para participar agora na eventual candidatura do antigo presidente da Câmara de Lisboa.

Santana está assim a fazer uma avaliação das condições para se apresentar aos militantes nas directas que deverão realizar-se no fim-de-semana de 17 e 18 de Dezembro, fazendo contactos com a máquina partidária. Há já alguns autarcas que estão disponíveis para o apoiar. O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, já assumiu, em declarações ao Observador, o seu apoio.

Por seu lado, o santanista Manuel Frexes, presidente da distrital de Castelo Branco do PSD e amigo pessoal do provedor da Santa Casa, também já declarou publicamente que o apoia. A saída de cena de Luís Montenegro e de Paulo Rangel fez deslocar apoios para Santana. O eurodeputado Paulo Rangel tinha assegurado uma grande base de apoio, recolhendo “80% da máquina do partido”, nas palavras de uma fonte que esteve envolvida directamente na preparação da candidatura do eurodeputado.

E a Santa Casa?

Em silêncio absoluto está o provedor da SCML. A disputa pela presidência do partido vai obrigá-lo a afastar-se das funções que ocupa como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma das maiores instituições nacionais na área da intervenção social. Segundo explicaram ao PÚBLICO, Santana não pode pedir a suspensão do mandato como provedor, que ocupa desde 2011, porque essa figura não está prevista na lei, pelo que terá de renunciar ao cargo.

Fonte próxima do provedor disse que a questão da Santa Casa “não é neste momento um problema”, deixando nas entrelinhas a ideia de que Santana já terá essa questão encaminhada. Seja como for, avançando para as directas, terá de comunicar previamente ao primeiro-ministro, António Costa, a sua indisponibilidade para continuar como provedor, cujas funções não são remuneradas uma vez que já aufere uma subvenção vitalícia pelos anos de exercício de cargos políticos. Edmundo Martinho, ex-presidente do Conselho Nacional da Segurança Socia, é vice-provedor da Santa Casa e poderá ascender ao lugar de provedor com a eventual saída de Santana.

O antigo primeiro-ministro foi nomeado provedor da SCML durante o governo de Pedro Passos Coelho. Em Março de 2016, o gabinete do actual primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o mandato da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa seria renovado, mantendo-se Santana Lopes como provedor da instituição. O provedor da Santa Casa é nomeado por três anos, através de despacho do primeiro-ministro e do ministro com a pasta da Segurança Social.

O facto de ter sido primeiro-ministro (ainda que por pouco tempo, de Julho de 2004 a Março de 2005) abriu-lhe muitas portas e o seu escritório de advogados passou a “facturar muito”. Segundo informações avançadas ao PÚBLICO, os “negócios” começaram a correr bem a Santana depois de ter deixado São Bento, o que lhe permitiu abrir dois outros escritórios: primeiro no Porto e mais recentemente em Braga. “A sua vida pessoal, familiar e profissional privada estão estabilizadas e Santana tem agora condições para regressar à liderança do partido”, adianta fonte social-democrata.