O café onde se brinda com café
É um café, que é uma garagem, que é um café — e brevemente será uma fábrica de torrefacção. Chama-se Combi.
Três homens e uma carrinha. A história de amor tem um novo capítulo agora que os pais adoptivos da Mercedes N1300 decidiram que a família deve ter uma casa, uma base onde o projecto de vida possa assentar o pó da estrada. Não é um filme. É um café, que é uma garagem, que é um café — e brevemente será uma fábrica de torrefacção. Chama-se Combi.
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Três homens e uma carrinha. A história de amor tem um novo capítulo agora que os pais adoptivos da Mercedes N1300 decidiram que a família deve ter uma casa, uma base onde o projecto de vida possa assentar o pó da estrada. Não é um filme. É um café, que é uma garagem, que é um café — e brevemente será uma fábrica de torrefacção. Chama-se Combi.
Rapaz apaixona-se por raridade de 1975 e jura-lhe fidelidade. Rapaz transforma com as suas próprias mãos uma “verdadeira jóia” Mercedes num elegante negócio de café. O primeiro capítulo foi exibido pela Mercedez-Benz, que veio ao Porto de propósito ouvir o que Gonçalo Cardoso (irmão de Francisco e amigo de João Vilar) tinha para contar. As peças e engrenagens desta carrinha (construída numa fábrica de Vitoria, em Espanha) e do seu motor OM615 misturam-se com os grãos de café na vida real — e no vídeo Coffee and van - A Love Story publicado pela Mercedes-Benz no canal de YouTube MYVAN.
“Quando vi esta carrinha...”, suspira Gonçalo, que na altura, quando tudo começou, também andava a ver modelos Volkswagen. Amor à primeira vista. Não foi uma pão-de-forma, foi um “café ambulante”. Faz este mês dois anos, assinala um dos fundadores do projecto Combi sentado à mesa do café (o espaço, que “era um rectângulo”, foi executado pelos arquitectos Alexandre Gamelas e Catarina Santos), que, do dia para a noite, se agiliza como uma espécie de batcave (“Arrasto as cadeiras e ela fica aqui”), onde futuramente qualquer pessoa poderá assistir às torras. Estamos no número 29 da Rua do Morgado de Mateus, no Porto, entre os restaurantes Tabafeira e Pedro Limão.
Estamos numa zona da cidade que “ainda não está saturada”, um canto mais “alternativo”. “É uma garagem, o nosso café e a nossa empresa. E vai ser a fábrica”, explica.
A carrinha, uma das estrelas da companhia, vai circular pelas ruas do Porto pelo menos mais um ano. Estacionam e avisam no Instagram: Batalha, Guindais (junto ao funicular), São Bento, Jardim da Cordoaria ou Praça da República. No espaço da Rua do Morgado de Mateus, a funcionar entre as 9h e as 19h, fica o outro protagonista, um “café diferente”. À mesa está um café de saco que demora três minutos e meio a estar pronto. “Liberta os sabores todos. Por isso é que se faz muito devagar”, explica Gonçalo, enquanto apresenta o Guatemala, proveniente de uma “boa colheita” produzida na finca São Marcos, a 1400 metros de altitude (produção máxima de mil quilos/ano). A equipa gere “pequenas encomendas” de cafés de especialidade (provenientes da Guatemala, da Colômbia e do Brasil), cafés pontuados (mais de 80 pontos na ficha técnica) que têm que seguir determinados parâmetros. No Combi celebra-se o café como se de uma cerimónia de chá se tratasse. “Faz-se com paixão”, diz Gonçalo, com uma série de cursos e de formações na área emoldurados (assim como Francisco e João Vilar). Todos os anos, o trio faz provas de cinco ou seis origens, reserva com antecedência os sacos de 60 quilos e faz torras médias “para se sentir mais o sabor”, para se prolongar o efeito do “primeiro ‘craque’”. “É como uma pipoca”, sugere Gonçalo ao manusear a resplandecente Mirage, modelo Kees van der Westen, que ocupa lugar de destaque na “garagem” (onde somos servidos por Lisa Zancanella e Pedro Pereira).
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O café Combi ganhou nome na rua entre os clientes regulares que começaram a reconhecer a Mercedes N1300. A pergunta repetia-se: “Onde é o vosso café?”. Gonçalo e companhia cansaram-se da resposta (“não temos...”) e encontraram um poiso, que hoje se orgulha de ser um dos poucos sítios na cidade e arredores a ter café de especialidade com torra própria (o Progresso, no Porto, e o 7G, em Vila Nova de Gaia, são mais dois sobreviventes). “Abre-se o tambor na altura certa e deixa-se os grãos repousar uma semana”, explica Gonçalo, que viajou pela Austrália, “a meca dos cafés” antes de decidir que o seu destino passaria pela Arábica — uma espécie de café com menos teor de cafeína e que não se desenvolve em qualquer ambiente, ao contrário da Robusta, mais procurada pelos produtores de “expresso”. Paciente, vai vincando a persistência na boca, os sabores da terra e os aromas florais. “É como o vinho”.
Estamos no Combi. E no Combi brinda-se com café. “Saúde!”